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Investigações demonstram que as organizações criminosas são divididas em células. Cada integrante tem uma função, desde a abordagem da vítima até a venda do produto para receptadores

PRI-0710-FURTO_CELULAR -  (crédito: Maurenilson Freire)

PRI-0710-FURTO_CELULAR – (crédito: Maurenilson Freire)

Dos furtos de celulares a uma articulada organização criminosa. Cada vez mais, grupos têm buscado novas técnicas e maneiras para cometer furtos na capital federal sem levantar suspeitas. Resultado disso é o aumento do registro de ocorrência, conforme levantamento da Secretaria de Segurança Pública do DF (SSP-DF). Nos primeiros oito meses deste ano, o Distrito Federal registrou 10.509 casos de furtos de aparelhos de telefonia móvel, o equivalente a 1.313 aparelhos subtraídos por mês ou 43,7 unidades por dia, quase dois por hora. No mesmo período do ano passado, o número foi de 10.035 furtos semelhantes, 5% a menos. Em contrapartida, o quantitativo de roubos diminuiu (veja Números de Roubos).

As quadrilhas traçam estratégias e se organizam na divisão de tarefas para o cometimento de furtos. O modus operandi fica claro com as recentes operações desencadeadas pela Polícia Civil do DF (PCDF). Em agosto deste ano, a Coordenação de Repressão aos Crimes Patrimoniais (Corpatri) cumpriu 26 mandados de prisão preventiva e 37 de busca e apreensão contra um grupo especializado no roubo e furto de motocicletas. A organização criminosa funcionava em São Sebastião e, segundo as investigações, os integrantes roubaram, furtaram e adulteraram 31 motocicletas só no DF.

Nesse caso específico, o grupo se dividia em núcleos: operacional, administrativo-logística e financeiro. Na parte operacional ficavam os responsáveis pelos furtos das motocicletas, praticados preferencialmente na área central de Brasília (Asas Sul e Norte; Sudoeste; Setor Hoteleiro; SIA), bem como demais regiões administrativas (São Sebastião, Ceilândia, Samambaia, Taguatinga e Guará). Já na logística, os criminosos ocultavam, faziam os desmanches e adulteravam os sinais identificadores. As motos passavam por um processo de modificação, com adulteração de chassi. Para, assim, serem vendidas.

Antes da realização dos atos, os criminosos avaliam a dificuldade para a realização do roubo ou furto dos bens. O delegado e diretor da Divisão de Repressão a Roubos e Furtos (DRF II), Tiago Carvalho, explica o porquê dos objetos serem tão visados. “Além de alguns celulares hoje serem itens de luxo e grande valor, a facilidade com a qual os criminosos se desfazem desses itens é maior”, salienta. “É difícil falar sobre as precauções que as vítimas podem tomar, visto que o crime não é culpa delas, mas os indivíduos procuram as que estão mais vulneráveis no momento do ato. Geralmente são aquelas pessoas que estão mais desatentas”, afirma o delegado.

O investigador ainda orienta as pessoas com os cuidados básicos. “Caso seja um deslocamento a pé, é bom ficar atento. Ficar próximo de outras pessoas nas paradas de ônibus ou durante os deslocamentos, de modo a tentar antecipar a ação de algum marginal que tenha por intenção a subtração desse aparelho, também é importante.”

Furtos à residências

Algumas regiões sofrem com a empreitada criminosa de furtadores. No Lago Norte, por exemplo, a PCDF prendeu um homem acusado de uma série de furtos em casas da região e do Varjão. Ele foi preso na segunda-feira. “Nos furtos, o autor costumava levar os mais variados objetos, como dinheiro e joias das vítimas. Em um dos casos, conseguimos angariar imagens de circuito interno da residência, onde é possível visualizar o criminoso de forma tranquila transitando pela casa, vasculhando e subtraindo vários objetos de seu interior”, explicou o delegado-adjunto da 9ª Delegacia de Polícia, Ronney Teixeira.

Na mesma área, a polícia procura por um segundo suspeito de invadir condomínios e cometer furtos. Imagens do circuito de segurança foram colhidas pelos investigadores e flagraram o homem de bicicleta em fuga. Até o fechamento desta edição, ele não havia sido preso.

Denúncias

A SSP-DF ressalta a importância do registro de ocorrência pela população, isso facilita a elaboração de estudos e manchas criminais. Dessa forma é possível indicar dias, horários e locais com maior incidência deste tipo de crime. Além disso, esses levantamentos são utilizados na elaboração de estratégias da Polícia Militar do DF (PMDF), bem como a identificação e a desarticulação de possíveis grupos especializados por parte da Polícia Civil do DF (PCDF).

Moradora de Ceilândia, Cida Gomes, 53 anos, relata que teve seu aparelho furtado em um ônibus da Marechal quando voltava do trabalho para sua casa. “O cidadão abriu minha bolsa no momento em que eu iria descer do ônibus. Pegou o celular e desceu antes que eu percebesse o furto”, relata. A vítima contou que registrou a ocorrência pela internet, e o maior problema não foi o valor material. “Esse celular foi um presente de uma pessoa muito especial, fiquei muito chateada por conta do valor sentimental, ganhei o celular do meu irmão mais velho”, completa.

Com informações do Correio Braziliense

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