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Os que orientaram Bolsonaro foram Mauro Cid, Heleno, Felipe Martins e Eduardo Bolsonaro. Fábio Faria, Carlos França, Guedes, Ciro Nogueira, e Daniella Marques redigiram o texto

Ciro Nogueira, Jair Bolsonaro e Eduardo Bolsonaro
Ciro Nogueira, Jair Bolsonaro e Eduardo Bolsonaro (Foto: Isac Nóbrega/PR)

Núcleo duro convenceu Bolsonaro a não ler discurso da derrota para não desmobilizar apoiadores que pediam golpe ·

Jair Bolsonaro (PL) foi convencido por seus auxiliares mais radicais a não reconhecer publicamente a derrota para o presidente Lula (PT) nas urnas logo após o segundo turno da eleição presidencial de 2022. Neste grupo, que representa uma parte do que era o núcleo duro bolsonarista, estavam o então ajudante de ordens da Presidência, Mauro Cid, o general e ministro do GSI, Augusto Heleno, o assessor internacional Felipe Martins e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), informa Malu Gaspar, do jornal

Após a votação do segundo turno, membros do governo Bolsonaro se reuniram para discutir quais seriam os próximos passos. Bolsonaro recebeu consolo por seu desempenho, sendo elogiado por sua votação, enquanto outros sugeriram um discurso rápido admitindo a derrota. Àquela altura ele já havia quebrado a tradição de ligar para o vencedor, Lula, e enfrentava críticas da mídia por não reconhecer o resultado eleitoral.

O então ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Fábio Faria, o chanceler, Carlos França, o da Economia, Paulo Guedes, o da Casa Civil, Ciro Nogueira, e a presidente da Caixa, Daniella Marques, já discutiam o discurso da derrota, mas Bolsonaro hesitava. “Faria propôs então redigir o discurso e entregar para que ele avaliasse. O presidente concordou, e os ministros desceram para o gabinete da Secom, um andar abaixo do de Bolsonaro, onde um rascunho do discurso foi colocado na tela de uma TV, para que todos lessem. Chavões normalmente usados por Bolsonaro em seus discursos de campanha – como as menções ao ‘ativismo judicial’ e à ‘perseguição da imprensa’ – estavam todos lá. Questionamentos à lisura do sistema eleitoral e do processo de votação, também”, segundo Malu Gaspar. De acordo com a colunista, apesar das divergências, “todos aprovaram” o seguinte trecho do discurso: “eu sempre disse que o Brasil está acima de tudo e Deus acima de todos e que daria minha vida pelo Brasil. Por esse motivo, não contestarei o resultado das eleições”.

No entanto, Bolsonaro, que a princípio deu sinais de que faria o discurso proposto, recuou com o passar das horas e, ao final do dia, disse que levaria o texto para casa para pensar melhor no que fazer. “Quando ele disse isso, já entendemos que não reconheceria a derrota. Tínhamos perdido a disputa para o pessoal que achava que ele não tinha que dizer nada”, contou à jornalista um dos ministros que participou da elaboração do discurso.