Nos últimos dias, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) adotou um tom derrotista e admitiu que ele deve ser condenado nos processos que enfrenta no Supremo Tribunal Federal (STF). Também expressou medo de morrer na cadeia. Ele comparou a Primeira Turma do STF, que deve julgar seu caso, a uma “câmara de gás”, em uma declaração que mostra seu desespero diante das acusações de tentativa de golpe de Estado e outros crimes.
Antes de manifestar sua defesa sobre a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), Bolsonaro apresentou uma série de pedidos, incluindo a anulação da delação de seu ex-ajudante de ordens, o tenente-coronel Mauro Cid, e o afastamento de três dos cinco ministros que compõem a Primeira Turma: Alexandre de Moraes, Flávio Dino e Cristiano Zanin.
No entanto, o ministro Luís Roberto Barroso rejeitou os pedidos por falta de amparo legal, frustrando as tentativas da defesa.
Na última quinta-feira (6), Bolsonaro apresentou sua resposta preliminar à denúncia da PGR. O documento, de 129 páginas, adota um tom agressivo, atacando a Polícia Federal, o Ministério Público e o próprio Mauro Cid. A defesa acusa a PF de promover uma “pescaria probatória” e classifica a denúncia da PGR como uma “peça de ficção”. Cid, que era tratado como um filho por Bolsonaro, é chamado de mentiroso e “duvidoso delator”.
A defesa também buscou elevar o nível técnico das argumentações ao substituir o advogado Frederick Wassef por uma equipe de renomados criminalistas, liderada por Celso Villardi.
A mudança trouxe um tom mais sofisticado ao texto, mas também gerou situações curiosas. Em um trecho, a defesa elogia o voto “impecável” do ministro Edson Fachin e exalta uma “inesquecível lição” do ex-decano Celso de Mello, mesmo que Bolsonaro já tenha criticado ambos publicamente no passado.
O ex-presidente chegou a acusar Fachin de favorecer “o narcotráfico e a bandidagem” e ameaçou descumprir decisões de Celso de Mello.

Em outro momento, a defesa descreve Bolsonaro como um democrata que respeita a lei e as instituições, afirmando que ele “aceitou sua derrota eleitoral” e “conclamou seus apoiadores a aceitar a transição para o novo governo de forma pacífica”.
No entanto, essas palavras contrastam com os fatos: Bolsonaro questionou publicamente o resultado das eleições de 2022, tentou articular um golpe de Estado e deixou o país antes do fim do mandato para evitar a cerimônia de transição de poder.
A defesa também pediu que o STF ouça 13 testemunhas antes de julgar o caso. A lista inclui nomes próximos a Bolsonaro, como o senador Ciro Nogueira (PP-PI) e o deputado federal Eduardo Pazuello (PL-RJ), além de figuras como o ex-vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos), o general Freire Gomes e o brigadeiro Baptista Júnior.
Além das distorções históricas que contrastam com o inquérito da PF e a denúncia da PGR, a defesa entregou o documento com um erro ao citar um “senador Gilson Machado” como testemunha. O ex-ministro do Turismo, conhecido por sua carreira musical, nunca foi eleito para o Senado, tendo perdido as eleições de 2022 e 2024.
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