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Presidente também cobrou a comunidade internacional a seguir contribuindo com a UNRWA: “meu governo fará aporte adicional de recursos para a Agência”

Lula e Faixa de Gaza destruída após ataques israelenses
Lula e Faixa de Gaza destruída após ataques israelenses (Foto: Ricardo Stuckert/PR | Forças de Defesa de Israel/Divulgação via REUTERS)

O presidente Lula (PT) esteve em um jantar realizado na noite desta quinta-feira (8) na Embaixada da Palestina em Brasília, onde foi homenageado pelas representações de países árabes e islâmicos. Em seu discurso durante o evento, o presidente falou em dar um “basta” ao genocídio palestino promovido por Israel e cobrou a comunidade internacional a seguir contribuindo com a UNRWA (Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente). Algumas nações têm suspendido o fornecimento de recursos à agência devido a denúncias de uma suposta ligação com o Hamas.

Leia o discurso na íntegra: 

Quero agradecer ao embaixador Ibrahim Mohamed Alzeben, decano de corpo diplomático, pelo convite para este jantar.

Cumprimento igualmente cada uma das senhoras e senhores embaixadores e representantes dos países árabes e muçulmanos em Brasília.

Minhas primeiras palavras são de gratidão pela decisão da Fundação Yasser Arafat de me conceder a condição de membro honorário.

Arafat foi um líder corajoso e determinado, que dedicou sua vida à causa palestina.

Agraciado com o Prêmio Nobel da Paz, juntamente com Yitzhak Rabin, deixou um legado de dedicação, moderação e persistência que hoje caracteriza a Autoridade Nacional Palestina, na figura do meu amigo Mahmoud Abbas.

Mais do que uma distinção pessoal, vejo esse gesto da Fundação como uma homenagem aos brasileiros e brasileiras que ao longo de décadas atuaram em prol da estabilidade no Oriente Médio.  

Entre eles estão os funcionários do serviço exterior e das forças armadas que atuaram na operação “Voltando em Paz”, que nos permitiu retirar quase 2 mil brasileiros e seus familiares da zona de conflito e levar alimentos, insumos médicos e purificadores de água para Gaza.

Nesta noite em que evocamos e celebramos nosso rico patrimônio étnico-cultural, quero transmitir uma mensagem de solidariedade aos que são vítimas de discriminação e preconceito.

Rechaçamos todas as manifestações de islamofobia e antissemitismo.

Não podemos permitir que a intolerância religiosa se instale entre nós.

Árabes, muçulmanos e judeus sempre viveram em perfeita harmonia no Brasil, ajudando a construir o país moderno de hoje.

Essa convivência harmoniosa é fonte de inspiração para nossa atuação diplomática. 

Ela norteou nossa ação no Conselho de Segurança das Nações Unidas, que integramos até dezembro do ano passado.

Ela expressa o caráter universalista da nossa política externa e nos leva a buscar parcerias com os países do Sul Global.

Esse é o espírito com que visitarei em alguns dias o Egito, a Liga Árabe e a Etiópia, dois novos integrantes do BRICS, e participarei da 37ª Cúpula da União Africana.

Senhoras e senhores,

Ontem completaram-se quatro meses dos ataques perpetrados pela Hamas.

Condenamos de forma veemente esses atos terroristas.

Condenamos com igual veemência a reação desproporcional de Israel.

Atuei pessoalmente junto a vários chefes de Estado e de Governo em prol do cessar fogo, da libertação dos reféns e da criação de corredores humanitários para a proteção dos civis.

É chegada a hora de dar uma basta à catástrofe humanitária que se abateu sobre os mais de 2 milhões de palestinos que vivem em Gaza.

Já são quase 30 mil mortos, em sua maioria crianças, idosos e mulheres indefesas.

Mais de 80% da população foi objeto de transferência forçada e os sistemas de saúde, de fornecimento de água, energia e alimentos estão em colapso.

Basta de punição coletiva.

Por esses motivos, entre outros, o Brasil se manifestou em apoio ao processo instaurado na Corte Internacional de Justiça pela África do Sul.

As medidas cautelares da Corte devem ser acatadas.

O Brasil também integra a Comissão Consultiva da Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos (UNRWA).

As recentes denúncias contra funcionários da UNRWA precisam ser devidamente investigadas, mas não podem paralisá-la.

O Brasil exorta a comunidade internacional a manter e reforçar suas contribuições para o bom funcionamento das suas atividades.

Meu governo fará aporte adicional de recursos para a Agência.

Também continuaremos a trabalhar para que a Palestina seja admitida na ONU como membro pleno.

Senhoras e senhores,

Há 75 anos o mundo aguarda uma solução para a justa aspiração de um Estado próprio.

Estejam certos de que o Brasil fará tudo o que estiver ao nosso alcance para que a atual escalada de violência seja rapidamente interrompida

É urgente a retomada do diálogo entre Israel e a Autoridade Nacional Palestina, com o apoio da comunidade internacional, inclusive países em desenvolvimento.

É com esse espírito que convido todos a erguerem um brinde à um Estado palestino soberano, economicamente viável, que viva em paz e segurança com Israel.

Que a paz esteja com todos.

Com informações do Brasil 247

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