Num momento em que o mundo flerta com o protecionismo, Lula une mercados de 700 milhões de pessoas e PIB de US$ 22 trilhões
Nesta semana, em Montevidéu, a história foi feita. Após 25 anos de negociações marcadas por avanços tímidos, retrocessos e, nos últimos anos, completa estagnação, finalmente foi concluído o acordo comercial entre a União Europeia (UE) e o Mercosul. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva desponta como a figura-chave que destravou um processo paralisado durante os governos de Michel Temer e Jair Bolsonaro, recuperando a credibilidade diplomática brasileira e conduzindo o país à mesa de negociações de maneira decisiva.
A conclusão deste acordo, o primeiro entre dois blocos regionais de tamanha magnitude, simboliza um compromisso com o multilateralismo em tempos marcados por tensões protecionistas e desglobalização. Unindo mercados que representam 700 milhões de pessoas e um PIB combinado de US$ 22 trilhões, o pacto tem potencial para transformar a dinâmica econômica de ambas as regiões.
Para o Brasil, o acordo abre portas estratégicas. Ele permitirá a ampliação das exportações agropecuárias para o mercado europeu, com novas cotas para carnes, grãos, açúcar e etanol. Mesmo que ainda enfrentem restrições tarifárias, como as cotas de carne bovina limitadas a cerca de 115 mil toneladas, setores como o de frango e carne suína terão isenção tarifária em volumes significativos. Estima-se que o Brasil absorva até 80% dessas cotas, consolidando sua posição como líder no fornecimento de proteínas animais para a UE.
Além disso, aproximadamente 97% das exportações industriais brasileiras para o mercado europeu estarão isentas de tarifas assim que o acordo entrar em vigor. Esse estímulo à indústria nacional é visto pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) como uma oportunidade para reindustrializar o Brasil, diversificar exportações e fortalecer a competitividade global. A CNI destacou que o pacto pode reverter o processo de re-primarização da pauta exportadora, impulsionar o emprego e promover a modernização industrial com maior acesso a insumos e tecnologias avançadas.
A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) reforçou essa perspectiva, celebrando o tratado como uma resposta à onda de protecionismo global, que deve se radicalizar com a volta de Donald Trump à Casa Branca. Além de abrir mercados, o acordo reconhece as práticas sustentáveis da indústria brasileira e protege o Mercosul contra legislações restritivas da UE, como a Lei Antidesmatamento. Para a Fiesp, o pacto oferece uma oportunidade única para o fortalecimento das cadeias produtivas e para o diálogo econômico em bases justas e sustentáveis.
Os impactos não se limitam ao comércio de bens. O tratado também cria um espaço institucional para cooperação estratégica em áreas como proteção ambiental, economia digital e combate ao crime organizado, alinhando os dois blocos a uma agenda global de crescimento sustentável.
A implementação do acordo exigirá esforços coordenados, principalmente em setores que precisam de maior adaptação para enfrentar a concorrência europeia. Contudo, o apoio recebido de amplos setores econômicos brasileiros – do agronegócio à indústria – demonstra a expectativa de que o pacto traga benefícios de longo prazo, como mais empregos, inovação e maior integração ao mercado global.
Esse é um passo essencial para reverter o isolamento econômico do Brasil e do Mercosul. A abertura comercial, a modernização produtiva e a integração econômica são desafios pendentes, e o acordo UE-Mercosul deve ser encarado como o início de uma nova jornada, não como seu ponto final.
A partir de agora, o foco recai sobre a ratificação pelos parlamentos dos dois blocos, o que exigirá articulação diplomática e comunicação estratégica. Contudo, o simbolismo do anúncio de ontem é inegável: ele marca o início de uma nova era para o Brasil, que retoma seu protagonismo global, e para o Mercosul, que finalmente ganha uma chance real de ser mais do que um projeto inacabado.
Que este seja o primeiro passo de um caminho promissor, no qual o Brasil e o Mercosul se reinventem para ocupar o espaço que lhes cabe no cenário global. A história cobrará coragem e visão – atributos que, ao menos por ora, parecem ter reencontrado seu lugar sob a égide do governo do presidente Lula.
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