youtube facebook instagram twitter

Conheça nossas redes sociais


MST escracha Paulo Guedes em frente ao Ministério da Economia após escândalo da Pandora Papers

Do MST, via e-mail

A ação em protesto expõe o crescimento em “V” da miséria do Brasil, em contraste com a  fortuna milionária que o ministro da economia acumulou em paraíso fiscal

Na tarde desta quinta-feira (7), o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) realizou uma ação de escracho ao ministro da economia, Paulo Guedes, pelo seu envolvimento com o escândalo da Pandora Papers, divulgado no último domingo (3), na entrada do Ministério da Economia, em Brasília, Distrito Federal.

Manifestantes fizeram uma encenação teatral que denunciou Paulo Guedes, cantando “Paulo Guedes falando baboseira e a elite brasileira lucrando sem pudor. Tira o dinheiro e bota no estrangeiro e a fome vai causando muita dor. Tá tudo caro!”. Na lateral do prédio do ministério, houve uma intervenção com as frases “Guedes no paraíso e o povo no inferno” e “Guedes lucra com a fome”.

“O escândalo surge no momento em que o Brasil passa por uma das mais severas crises sanitárias, econômicas e institucionais que esbarra em uma atuação inerte do Ministério da Economia, que não tem trabalhado para a melhoria da qualidade de vida da população. Nem mesmo uma das principais promessas de Guedes, o tal crescimento em V, foi cumprido”, afirma a integrante da coordenação nacional do MST pela juventude, Jailma Lopes.

“O Brasil tem hoje cerca de 20 milhões de pessoas que passam fome. São  mais de 14 milhões de brasileiros e brasileiras sem emprego. Uma realidade dura que atormenta as famílias diariamente enquanto o ministro da economia lucra milhões de dólares com investimentos em paraísos fiscais no exterior”, completa Jailma.

O ato de denúncia também lembrou os fatos levantados na última semana em investigações que apontaram um pacto entre o Ministério da Economia e a empresa privada operadora de saúde Prevent Senior. A Prevent Senior, que foi denunciada na CPI da Covid por atuação criminosa no cuidado de pacientes internados com Covid-19, também detêm fortunas no exterior listadas pela Pandora Paper.

Dessa forma, manifestantes Sem Terra destacam o negacionismo do governo apoiado por uma elite de empresários, também foram responsáveis pelas mais de 600 mil mortes ceifadas pela Covid no país.

“Guedes no paraíso e o povo no inferno”

Pandora Papers é uma série investigativa do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ, sigla em inglês) que encontrou contas em paraísos fiscais, conhecidas como offshores, ligadas a 133 bilionários de 40 países. A fortuna estimada dessas empresas pelo ICIJ é de US$ 635,8 bilhões. O Brasil é o 5º país com mais bilionários na lista divulgada.

Entre as offshores divulgadas, estão listados o envolvimento de Paulo Guedes e Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central. O nome de Paulo Guedes está ligado a offshore Dreadnoughts International Group Limited, fundada em setembro de 2014, nas Ilhas Virgens Britânicas, no Caribe. Nos meses seguintes, Guedes aportou US$ 9,54 milhões — o equivalente, atualmente, a mais de R$ 50 milhões — na conta da offshore, numa agência do banco Crédit Suisse, em Nova York.

Apesar da abertura de contas no exterior não ser ilegal, desde que o saldo seja declarado aos órgãos de competência federal; servidores que detenham de autoridade pública estão proibidos pelos códigos de conduta legais, de tomar investimentos ou determinações políticas que possam caracterizar conflito de interesses governamentais ou beneficiamento próprio por deter de informações privilegiadas, em razão do cargo ou função.

Os paraísos fiscais são, geralmente, utilizados para evasão de divisas, lavagem de dinheiro e sonegação fiscal. A partir dos documentos divulgados pelo Pandora Papers foi possível levantar que 66 dos maiores devedores brasileiros de impostos, cujas dívidas somam R$16,6 bilhões, mantêm offshores com milhões depositados em paraísos fiscais.

Para Jailma Lopes, da coordenação nacional da Juventude Sem Terra: “o conjunto de reformas neoliberais na economia estão afastando cada vez mais a classe trabalhadora dos seus direitos e criando abismos sociais no Brasil”. Como é o caso das reformas da previdência e administrativa, ao contrário do crescimento prometido por Paulo Guedes e governo Bolsonaro.

“Além da tragédia sanitária, o índice de miséria no Brasil bateu recorde negativo, com a queda da renda, aceleração da inflação, aumento do desemprego e do custo de vida, com cerca de 14,5 milhões de famílias vivendo em situação de pobreza”, comenta Jailma.

Após a divulgação das offshore, tanto o ministro quanto o presidente do Banco Central foram convidados para prestar esclarecimentos ao Congresso, sobre as contas perante a Comissão de Assuntos Econômicos do Senado e Câmara de Deputados/as.