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A imagem de Sérgio Moro como um juiz implacável no cumprimento da lei e que agiu sem nenhum interesse político já está deteriorada. Em mais uma parceria com o The Intercept Brasil, a Folha de S.Paulo revelou neste domingo (7) novo vazamento de conversas que demonstra que, a pedido de Moro, em agosto de 2017, integrantes da força-tarefa se mobilizaram para expor informações sigilosas sobre a Venezuela.

O vazamento de novas conversas no Telegram, entre Moro e o procurador Deltan Dallagnol, indica que o objetivo era dar uma resposta política ao governo de Nicolás Maduro que enfrentava uma grave crise política com seus opositores.

Confira o diálogo:

Moro – Talvez seja o caso de torna pública a delação dá Odebrecht sobre propinas na Venezuela. Isso está aqui ou na PGR?

Dallagnol – Concordo. Há umas limitações no acordo, então vamos ver como fazemos. Mais ainda, acho que é o caso de oferecer acusação aqui por lavagem internacional contra os responsáveis de lá se houver prova.
Haverá críticas e um preço, mas vale pagar para expor e contribuir com os venezuelanos.

Moro -Tinha pensado inicialmente em tornar público;
Acusação daí vcs tem que estudar viabilidade.

Dallagnol – Faz o sinal e ok.

Segundo a reportagem, em 2016, quando decidiu colaborar com a Lava Jato, a Odebrecht disse ter pago propina para fazer negócio na Venezuela, mas informações foram mantidas sob sigilo por determinação do STF.

Em 2017, Deltan indicou que os procuradores poderiam contornar o limite do sigilo. Moro demonstrou mais preocupação com a divulgação. Alguns procuradores demonstraram preocupação com os efeitos da divulgação naquele país. Mas para Deltan os objetivos políticos justificavam a divulgação.

A reportagem revela ainda que a Transparência Internacional defendeu a abertura de processo contra as autoridades da Venezuela e chegou a discutir o assunto com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

“FHC veio conversar comigo no final e disse que é uma boa ideia”, disse o diretor da Transparência Bruno Brandão em mensagem a Deltan pelo Telegram, em outubro de 2017.

O juiz Luiz Antônio Bonat, que substituiu Moro, disse aos procuradores, em abril deste ano, que o caso da Venezuela não compete a sua jurisdição.

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