Vem aí a CPI do Fundo do Mundo do governo Bolsonaro. Se você ainda estava – como muitos dos meus colegas jornalistas e analistas políticos com quem venho conversando – leia o artigo “Bolsonaro não aguenta até o fim do mandato” – tentando enxergar um caminho entre tantos caminhos, uma brecha, uma porta, para que o Congresso deixe entrar toda a fúria contra um presidente incompetente e impopular, e comece a emparedar o governo, num processo que poderia, em tese, culminar no seu impeachment, leiam O Globo de hoje, 08/06, uma matéria cheia de rastilhos de pólvora. Segundo apuraram os repórteres que assinam a reportagem, o Congresso deve ter uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para investigar o uso de fake news nas eleições de 2018, e um dos alvos será a campanha do presidente Jair Bolsonaro. O requerimento, que precisava daquele mínimo de 171 deputados e 27 senadores, já tem – surpreendentemente – assinaturas de 276 e 48, respectivamente, bem acima do mínimo exigido, o que mostra uma tremenda disposição para emplacar essa pauta política. Se sair do papel será uma CPMI que já nasce diferente: tem a autoria e a frente do DEM, o ex-PFL, partido até há pouco inexpressivo, mas que tem o comando das duas Casas Legislativas – Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre, o último o responsável por viabilizar a comissão – e que coloca a oposição, especialmente o PT, outrora rei das CPIs, como nos governos Collor e FHC, numa saia justa. Se não entendeu a dúvida porque não caem matando pra dentro, a esquerda mais “ponderada”, para dizer pouco, analisa se é estratégico pedir um papel de destaque no colegiado para não gerar questionamentos sobre a legitimidade da CPMI. Oin, coisinha mais fofa essa oposição, cheia de escrúpulos conjunturais com o país indo pro lixão.
Se sair do papel, e virar o principal tormento de Bolsonaro no Congresso, fora o rame-rame da reforma da Previdência, a CPMI, liderada pelo DEM – que deve assumir a relatoria ou a presidência do colegiado, que deve ter 15 deputados e 15 senadores titulares, com igual número de suplentes – ou pela oposição – PT, onde está que não responde? – teria um potencial para fazer mais do que espuma, que é o que faz a maioria das CPIs. Poderia ser o celacanto provocando o maremoto político que poderia expulsar Bolsonaro do Planalto. Veja que a essa altura é difícil fazer mais do que conjecturas. Mas uma porta está se abrindo, e ela é espaçosa. O DEM poderia usa-la apenas para fazer chantagem política, que é seu expertise, ganhar espaço e, especialmente, influência, no governo Bolsonaro. O autor do pedido de criação da CPMI é o deputado Alexandre Leite (DEM-SP), cotado junto com o senador Marcos Rogério (DEM-RO) para um posto importante na comissão. Nada na curta biografia de ambos indica sangue nos olhos para derrubar Bolsonaro. Dependerá muito da oposição, no momento omissa, para que o objeto da CPMI, como diz o texto protocolado, seja realmente cumprido: a apuração de “ataques cibernéticos que atentam contra a democracia e o debate público”, além da “utilização de perfis falsos para influenciar os resultados das eleições de 2018”. “Nas eleições de 2018, ficaram claras as interferências das fake news. Tivemos empresas envolvidas, selecionando alvos políticos para serem atacados com notícias falsas, proliferadas por meio de robôs. O escopo da CPMI é descobrir quem operou e como operou”, diz o texto, entregando o alvo.
Qualquer um que não desceu agora no planeta Terra sabe que não se está falado de Fernando Haddad e do PT, mas da Fantástica Fábrica de Fake News montada pelo PSL de Jair Bolsonaro, com seu filho Carluxo à frente. Agora, no Congresso, muitos desses deputados e senadores do PSL e arredores formam a chamada “bancada da selfie” e tem todos os motivos para temer que a CPMI. (O termo “bancada da selfie” tem muito a ver com ua maravilhosa foto de Dida Sampaio, do Estadão, mostrando, como numa coreografia grotesca, parlamentares como Alexandre Frota, Bia Kicis e Joice Hasselmann, alheios ao mundo e dentro do plenário, fazendo ‘lives’ durante sessão que aprovou a transferência do Coaf, do Ministério da Justiça para o da Economia, derrota do governo). As “milícias virtuais” que elegeram Bolsonaro podem ajudar a empurra-lo para fora do Planalto. Novamente, depende de como uma CPMI dessas, se criada, fosse tocada. A chapa de Jair Bolsonaro e Hamilton Mourão já enfrenta uma ação no TSE, impetrada pelo PT, que pede a cassação da candidatura sob alegação de que recursos não legalizados financiaram a disseminação de mentiras por redes sociais contra o candidato derrotado, Fernando Haddad, e seu partido, o PT. Apoiadores da CPMI admitem que ela pode atingir o governo, que tem uma estrutura organizada de apoiadores nas mídias sociais para defender Bolsonaro e suas ações e atacar adversários. A dúvida, claro, como diria um amigo farmacêutico, é se só vão apertar, ou se vão acender agora.
RICARDO MIRANDA FILHO
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