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Bolsonaro foi visitar o presidente dos EUA, Donald Trump, prometendo que o Brasil seria “um país aberto a negócios”. De fato, os EUA já se beneficiam com Jair: suas multinacionais tem carta branca para fazer o que quiserem no país, inclusive demitir em massa e deixar centenas de famílias trabalhadoras nas ruas.

A principal fábrica gráfica do mundo, a norte-americana RR Donnelley, parte da lista das 500 maiores da revista Fortune e que registrou faturamento de quase US$ 7 bilhões no ano passado, simplesmente fechou as portas e, sem mais aviso que um papel no portão de entrada, anunciou sua falência e que os trabalhadores estavam demitidos. Depois de lucrar milhões com a impressão das provas do ENEM, contratos da Shell, da Saraiva, Bradesco, Companhia das Letras, e tantos outros, essa multinacional que colhe lucros bilionários em dezenas de países do mundo se sente à vontade para mentir descaradamente, alegar “dificuldades financeiras” e cerrar a produção.

Isso ocorre porque sabe que o governo Bolsonaro garantiu em Washington, ao lado de Trump, que não colocará obstáculos aos objetivos das empresas dos Estados Unidos no Brasil. Inclusive aquelas que se servem da terrível reforma trabalhista (que precariza contratos de trabalho, toma empregados por contratos intermitentes, rotativos e com baixos salários) exigem mais concessões, e Bolsonaro está preparado para dá-las. Uma das principais consequencias da reforma trabalhista é a possibilidade da patronal demitir em massa sem grandes custos, tudo garantido pelo judiciário autoritário e seus tribunais “do trabalho”, que são quase portavozes do RH das empresas.

Não há dúvida que as multinacionais estrangeiras se sentirão à vontade para aplicar enormes ataques aos trabalhadores brasileiros. Tem a permissão governamental para isso. Bolsonaro e seu governo simplesmente não se pronunciaram sobre o tema, com medo de irritar seus amos na Casa Branca.

Com 13 milhões de desempregados e 30 milhões de subutilizados, o Brasil de Bolsonaro se tornou um paraíso para os empresários e banqueiros milionários, inimigos dos trabalhadores: vem, exploram, ganham milhões em lucros e demitem sem pestanejar. E ainda por cima, o governo quer aplicar uma reforma da previdência que vai nos obrigar a trabalhar até morrer (quem vai se aposentar tendo trabalhos precários e estando nas mãos de patrões que vão seguir demitindo para contratar mais barato?).

Na Argentina, em 2014, a RR Donnelley também fez o mesmo, decretando fechamento e deixando 400 famílias na rua, com a conivência do governo argentino. Os trabalhadores, junto às organizações da esquerda, não aceitaram e batalharam para que fossem os capitalistas que pagassem pela crise. Passando por cima da burocracia sindical, aliaram-se com outros trabalhadores gráficos e de diversos outros ramos da indústria, tomaram a fábrica, suas máquinas, e as puseram para funcionar. Há 5 anos a fábrica funciona sem patrões, sob administração dos próprios gráficos. E não poderia deixar de ser assim: quem produz tudo no mundo são os trabalhadores, nenhuma fábrica precisa de patrões para funcionar.

É um exemplo muito importante para o Brasil. Bolsonaro olha para os Estados Unidos e se ajoelha diante dos desmandos da Donnelley, porque representa os patrões milionários. Os trabalhadores da Donnelley podem olhar para nossos irmãos de classe argentinos, que enviaram saudação e solidariedade, com uma mensagem:

É com muita revolta que nós, trabalhadores da antiga Donneley de Buenos Aires, Argentina, nos informamos da demissão criminosa em massa de nossos irmãos brasileiros com o fechamento das plantas da Donneley no Brasil.

Em 2014, aqui na Argentina, fomos surpreendidos com o mesmo bilhete na porta de nossa fábrica. Nosso patrão, assim como o de vocês, não estava satisfeito com os enormes lucros que arrancavam de nosso suor e decidiu nos jogar na rua para aumentar as filas do desemprego.

Felizmente nos organizamos em assembleia e ocupamos a fábrica. Não aceitamos suas ladainhas. Exigimos que a patronal se explicasse abrindo os livros caixa. E quando nos responderam com o silêncio colocamos a fábrica para produzir, demitimos o patrão e hoje estamos há 5 anos produzindo sob gestão dos trabalhadores com o apoio da comunidade a nossa volta, com o novo nome Madygraf.

Viemos através deste comunicado transmitir toda nossa força e solidariedade com a luta de vocês. Que possam, assim como nós, com a força da sua organização, conquistar um futuro digno defendendo o direito ao emprego.

Todo apoio aos trabalhadores da Donnelley do Brasil, pois a classe trabalhadora não tem fronteiras!

Os trabalhadores brasileiros também se solidarizam e prestam todo o apoio possível, junto ao Esquerda Diário: