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São Bernardo do Campo (SP) – Carregado e com flores na mão, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva desceu do carro de som às 13h deste sábado (7), diante do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo, pouco depois de afirmar que “sairei dessa maior, mais forte e mais verdadeiro e inocente, porque quero provar que eles que cometeram um crime, um crime político”. Quase no final do ato ecumênico e político, Lula disse que irá para Curitiba “de cabeça erguida” e sairá de lá “de peito estufado”, mas afirmou ser “um cidadão indignado” com as acusações contra ele.

O ex-presidente participou de ato em memória da ex-primeira-dama Marisa Letícia, que completaria 68 anos hoje – ela morreu em fevereiro do ano passado. Antes e durante seu discurso, muitos manifestantes gritaram, repetidamente, “não se entrega”.

Mesmo inconformado, ele disse que estava “transferindo responsabilidade”, referindo-se aos acusadores. “Eles acham que tudo que acontece neste país acontece por causa do Lula.” Às 16h30, Lula ainda estava na sede do sindicato, onde permaneceu desde quinta-feira (5).

“Estou fazendo uma coisa muito consciente”, disse Lula, acrescentando que por vontade própria não aceitaria a decisão judicial. Mas lembrou que já se acenava com uma prisão preventiva, o que tornaria sua situação mais difícil. “A história vai provar que quem cometeu crime foi o delegado que me acusou, o juiz que me julgou e o Ministério Público que foi leviano comigo”, disse. “Vou enfrentá-los aceitando cumprir o mandado. Quero saber quantos dias vão achar que estão me prendendo. Quanto mais dias me deixarem lá, mais Lulas vão nascer no país. Todos vocês vão virar Lula.”

Dom Angélico Sândalo Bernardino, que celebrou a missa, lembrou de sua amizade pessoal com Lula e Marisa Letícia. Falou em “sentenças vergonhosas” e defendeu reformas ética, agrária, política, trabalhista (“Não como essa que fizeram em cima da classe trabalhadora”), da Previdência (“Não aquela que propuseram aí, mas aquela que vai começar com os marajás da República”). E disse que, aos 85 anos, iria dar um conselho a Lula: “Vem cá, meu irmão. Todos nós desejamos de coração que você está em liberdade. Lula, cuide de sua saúde”.

O religioso disse que muita gente fora do Brasil “está alarmada” com a pressa de prender Lula e com a diferença de tratamento dada a ele em relação “a outras pessoas por aí”. Mas passou uma mensagem otimista: “Aqui está um cidadão que já esteve preso. Nenhuma prisão prende o coração, a mente e as ideias de um cidadão.”

Lula reiterou que não é contra a Operação Lava Jato e que sempre defendeu a prisão de corruptos. “O problema é que você não pode fazer julgamento subordinado à imprensa. Quem quiser votar com base na opinião pública, largue a toga e vá ser candidato. Eu não estou acima da Justiça. Eu acredito numa Justiça justa, baseada nos autos do processo, nas provas.” E reafirmou que o Ministério Público e o juiz Sérgio Moro mentiram.

Ao lado de Dilma Rousseff, o ex-presidente afirmou que ela é, “provavelmente, a mais injustiçada das mulheres que um dia ousaram fazer política neste país”. “A Dilma foi a pessoa que me deu tranquilidade de fazer quase tudo o que eu fiz na Presidência da República.”

Líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stédile disse que a mobilização vai continuar. “Não adianta chorar. O Lula explicou que essa não é uma demonstração de fraqueza. Pelo contrário, é uma estratégia de devolver a responsabilidade para o outro lado. É hora de resistência e luta. A militância tem que ir para a rua.”

“Eu sei quem são meus amigos eternos e quem são meus amigos eventuais” disse Lula, pouco antes de descer do carro e ser carregado até o sindicato. “Não vamos sair daquela cidade”, avisava a presidenta do PT, senadora Gleisi Hoffmann, referindo-se a Curitiba.

Das caixas de som começa a tocar Apesar de Você, de Chico Buarque.