Mais uma vez, o presidente Jair Bolsonaro pisou na bola. Só que agora ele pisou com gosto. Foi coerente. E expeliu uma verdade, lá de dentro d’alma. Ele não faz a mínima ideia do que seja democracia, não imagina o que possa vir a ser um governo popular e ignora por completo a vontade do povo como mola de propulsão de um regime. Para ele, que veio da ditadura e para a ditadura sonha voltar, povo é simplesmente para, no carnaval, assistir vídeo pornográfico de chuva dourada e não para sair criticando o presidente dos outros por aí.
O que quis dizer quem ocupa, no momento, o Palácio do Planalto foi o que ele acredita e deseja. Democracia para ele é um governo militar que imponha ao povo um regime militar, que cale os estudantes, que amordace os sindicatos, que enquadre os professores, que silencie a Igreja (a Católica, boa parte das evangélicas pode continuar e até gritar). Ainda bem que o que ele quer, na verdade, boa parte dos próprios militares não querem. Pelo menos, por enquanto.
O país dos sonhos de Bolsonaro é a Pátria Armada, com cada brasileiro portando seus quatro revólveres, cuidando do seu patrimônio de cidadão de bem contra os bandidos, preferencialmente os pobres e os pretos. É o país em que a polícia poderá matar sem dar satisfação, o que levará os números de homicídios praticados por policiais – que já são os maiores do mundo – a índices inimagináveis. É o país do salve-se quem puder. Sobretudo os que tiverem mais recursos para se salvar.
No país dos sonhos que o presidente entende como democracia ninguém se aposenta, pelo menos a tempo de desfrutar o mínimo de tempo, ainda respirando. O país das maravilhas democráticas que ele enxerga faz o que Donald Trump quer e cerra fileiras com os Estados Unidos contra um país vizinho, cujas reservas de petróleo são o motivo da cobiça e razão de uma guerra que pode estourar a qualquer momento.
Sim, mas o que falou mesmo o presidente? Com o seu linguajar confuso e seu português, digamos, singular, ele disse o seguinte:
“A missão (do governo dele) será cumprida ao lado das pessoas de bem do nosso Brasil, daqueles que amam a pátria, daqueles que respeitam a família, daqueles que querem aproximação com países que têm ideologia semelhante à nossa, daqueles que amam a democracia. E isso, democracia e liberdade, só existe quando a sua respectiva Força Armada assim o quer”.
Não se exija mais clareza do que aí está. Qualquer leitura que se faça dessa pérola do sentimento cívico nacional levará a uma só conclusão: esse santo quer reza. Esse admirador de ditadores quer uma ditadura de verdade para chamar de sua. Vale repetir: parece que, pelo menos agora, quer isto sozinho. Tanto que o vice-presidente, o general Hamilton Mourão, de novo caiu em campo para corrigir os arroubos do seu presidente que, segundo ele, foi “mal interpretado”.
Ao contrário do que pensa o presidente Bolsonaro, a democracia transcende a vontade de militares ou de civis. É o regime do povo e para o povo, onde só se deve ganhar no voto. Onde só pelo voto se legitima a vitória dos candidatos e os coloca no poder. Quando se fala em candidato, isto vale para qualquer um. O que dá margem até mesmo a despejo de votos em figuras como o Bode Cheiroso, o rinoceronte Cacareco ou o Macaco Tião. Ou, como ocorreu na última eleição, em Jair Bolsonaro.
Por Gilvandro Filho, para o Jornalistas pela Democracia
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