A organização internacional do PSTU, a LIT, faz frente única com o imperialismo e acusa o governo Díaz Canel de ser uma ditadura
No dia 1º de fevereiro, o sítio na internet da Liga Internacional dos Trabalhadores (LIT), organização da qual o PSTU é o principal partido, publicou artigo atacando o regime cubano e diretamente o presidente de Cuba, Díaz Canel: “Parar a repressão da ditadura de Díaz Canel”, diz o título da matéria.
No momento em que o imperialismo recrudesce seu boicote e sua campanha política contra a Ilha, a organização internacional do PSTU dirige suas espingardas de chumbo não contra o imperialismo, mas contra Cuba.
Ainda que o regime cubano fosse uma monstruosidade, o que está longe de ser, o que justifica um partido que se diz marxista e trotskista (sabemos que nenhuma das duas coisas são verdadeiras) atacar um país pobre que tenta sobreviver? E pior ainda, um país pobre cujo regime é herdeiro de uma revolução proletária e que é brutalmente atacado pelo imperialismo.
Trótski teria vergonha se soubesse que no futuro um partido usaria seu nome para defender essa política. Justamente Trótski, que mesmo com toda a campanha canalha do regime stalinista contra ele, defendia o Estado Operário da URSS contra o imperialismo.
A LIT/PSTU afirma que “a resistência do povo continua, com muitas dificuldades e sobretudo, pequenos atos de solidariedade e acompanhamento de familiares tem sido a forma como a luta pelos presos políticos tem se expressado”. No artigo, não se explica o que exatamente aconteceu, apenas que é uma “repressão do regime” contra a “resistência do povo”.
Antes de entrarmos no problema em si, vamos considerar que o PSTU esteja certo e essas pessoas foram presas injustamente. Qual seria o objetivo da campanha acusando o governo Díaz Canel de ser uma ditadura? O único resultado é fazer frente única com a direita e o imperialismo que justamente chamam Cuba de ditadura.
Qualquer partido de esquerda, diante desse problema, poderia agir de maneira totalmente diferente. Toda a esquerda sabe que os representantes do governo cubano no Brasil são acessíveis. São pessoas que, embora tenham cargos elevados ligados ao governo, estão constantemente com os militantes nas lutas contra o imperialismo.
Por que o PSTU opta por atacar o governo, chamar Díaz Canel de ditador ao invés de conversar com um representante do governo de Cuba com o objetivo de resolver o problema? Essa seria a atitude mais correta para um partido de esquerda: tentar resolver as coisas entre a própria esquerda, sem se colocar do lado daqueles que atacam o regime.
Mas é fácil saber por que o PSTU não faz isso. Não procura uma via mais democrática para resolver o problema. Em primeiro lugar porque essa não é a política do PSTU e de seus aliados internacionais para Cuba. Os ataques contra o regime são parte da política do partido para todos os países que enfrentam o imperialismo.
A mesma política, o PSTU leva adiante em relação à Venezuela, à Nicarágua e outros. A mesma política, o PSTU levou em relação ao PT durante o golpe de 2016, chamando o “Fora Dilma”, disfarçado de “Fora todos”.
Trata-se aqui de um partido profundamente ligado à ideologia imperialista. Se o imperialismo chama Cuba de ditadura, lá está o PSTU para repetir a campanha. O mesmo vale para outros casos. O PSTU se tornou um apêndice esquerdista dos interesses imperialistas em vários países.
E é por essa política que o PSTU estava ao lado dos gusanos canalhas quando o imperialismo, no ano passado, incentivou manifestações contra o regime cubano. Ao invés de lutar ao lado da esquerda popular contra a investida imperialista, o PSTU se juntou aos protestos artificiais para atacar o regime.
Tais manifestações, que o PSTU, para justificar a sua política pró-imperialista, chamou de revolta popular, foram facilmente desmanteladas pelo governo cubano, que contou com o apoio das massas populares. A revolta não passava de uma manifestação artificial produzida pela propaganda imperialista.
É daí que vêm os presos políticos que o PSTU está defendendo. Não sabemos quem são essas pessoas, nem sequer se são culpados ou inocentes. Mas não devemos fechar os olhos para a realidade concreta pela qual passa o regime cubano.
É mais do que compreensível, mesmo se não concordemos com toda a política, que o regime tenha que agir de maneira mais dura para frear a ação do imperialismo. Seria preciso explicar porque essas pessoas estavam ao lado do imperialismo nas manifestações, se é que estavam. De qualquer forma, é preciso explicar.
E mais ainda, em última instância, o regime cubano tem todo o direito de agir contra esses elementos guiados pelo imperialismo. Se um gaiato do PSTU estava lá na hora e no local errado, já seria suspeito de ter alguma ligação com o imperialismo.
Por isso a política do PSTU de atacar Cuba é tão nociva. Além de reforçar a propaganda imperialista contra a “ditadura cubana”, ela pretende colocar na defensiva o movimento de esquerda que defende Cuba, alegando que o regime é ditatorial.
Não apenas o regime tem o direito de prender aqueles elementos que agem de acordo com o imperialismo. É mais do que isso! Seria um crime contra o povo cubano não tomar uma ação enérgica contra esses golpistas, agentes do imperialismo.
O imperialismo está destruindo povos do mundo todo, articula golpes e apoia ditaduras em todos os continentes, matando e torturando pessoas, iniciando uma agressão militar no leste europeu que pode levar a uma guerra de proporções mundiais. Mas o PSTU está mais preocupado com a suposta “ditadura cubana”…
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