No segundo dia das comemorações do aniversário de 40 anos do PT, no Rio, dirigentes e representantes das principais legendas de oposição – PCdoB, PDT, PSB e PSOL – participaram de um debate sobre as estratégias a serem adotadas contra a política neoliberal e de extrema-direita do governo Jair Bolsonaro. PUBLICIDADE
Participaram do debate os presidentes do PDT, Carlos Lupi, do PSB, Carlos Siqueira, o deputado Marcelo Freixo, pelo PSOL, a ex-deputada Manuela D’Ávila, pelo PCdoB, além da presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e do ex-ministro Luiz Dulci, um dos fundadores do PT.
Em sua fala, Gleisi Hoffmann destacou a necessidade da união das legendas e lembrou da luta contra o desmonte dos direitos sociais e em defesa da soberania.
“Esses cinco partidos têm se reunindo sistematicamente depois das Eleições de 2018, apesar da imprensa tentar fazer fofoca para gerar conflito entre nós. Esses partidos estiveram juntos na luta contra reforma da Previdência, na defesa da educação brasileira, na formação da frente em defesa da soberania nacional. Estiveram juntos quando apresentamos a proposta da reforma tributária justa e solidário, que inverte a injustiça social desse país”.
“Quero agradecer a solidariedade dos partidos na luta por Lula Livre. Ele está solto, mas não está livre plenamente. Queremos o restabelecimento dos direitos políticos dele. Não dá para falar em democracia se esses direitos não forem reconhecidos e tivermos essa perseguição política. Quero também lembrar que o que nos une é exatamente essa visão de desenvolvimento do Brasil, de proteção e melhoria das condições de vida do povo brasileiro”, acrescentou a dirigente petista.
Confira trechos do debate:
Manuela D’Ávila (PCdoB), ex-candidata a vice-presidenta nas Eleições de 2018:
“Nossa unidade, nossa relação se dá nas batalhas eleitora, como nós que estivemos juntos ano passado, mas se dá um território muito mais importante, um território sagrado, que é a luta social. Nós lutamos socialmente juntos o durante esses 40 anos do PT. Nós, PCdoB quase centenário, reconhecemos o papel do PT nos novos paradigmas da sociedade brasileira. Festejarmos o aniversário do PT é festejarmos uma parte importante da luta social do país. Sintam-se parabenizados por cada militante do PCdoB. Às vezes temos nossas rusgas, mas são menores que o esforço para libertar o Brasil”.
“Penso temos muitas razões para estarmos unidos. Vivemos a pior crise da história do capitalismo global. Talvez vivemos um momento em que o neoliberalismo se apresenta da forma mais cruel. Precisamos nos unir diante do verdadeiro colapso ambiental que se desenha no mundo. Haja vista o que acontece na Amazônia. Nos unir porque a miséria é cada vez maior. Voltamos a ver imagens que não víamos. Lembro de quando deixei de ver criança em situação de rua. Precisamos nos unir porque vivemos em um mundo porque trabalho e educação não garantem mais futuro”.
Marcelo Freixo, deputado federal pelo PSOL-RJ:
“Parabéns ao PT, quero dizer que defender o PT não é algo que cabe apenas aos petistas. Defender o PT é algo que cabe a todos que tem compromisso com a democracia. Por isso estou aqui hoje. Falo representando o PSOL, não estou sozinho, está aqui meu companheiro Chico Alencar. Quero dizer aos companheiros que é muito importante em uma aniversário de 40 anos poder fazer essa celebração, comemoração, ter entre nós o presidente Lula em liberdade, presente aqui. Não é uma vitória só do PT, mas de quem defende a democracia.
“Talvez esse encontro seja já o indício de algo muito importante que pode acontecer. Que é buscar a unidade. Precisamos buscar a união porque a situação mudou para pior. A gente vai precisar estar juntos em muitas datas e ter um programa em comum. Nós não temos que resistir ao governo Bolsonaro. Temos que destruir o governo Bolsonaro. Resistir é ganhar tempo. Precisamos de algo mais do que suportar. E a unidade precisa existir também com os movimentos sociais. O Marielle Vive não pode estar só na nossa garganta, mas tem que estar na nossa união e nas nossas práticas”
Carlos Lupi, presidente nacional do PDT:
“Eu penso que nós estamos em um momento pior do que a ditadura militar. Ela tinha armas, matava, exilava e prendia. Era um regime de força que metia medo pela força. Hoje e´mais sofisticado. O sistema financeiro que domina o mundo tem seu tentáculos que chegam onde quiserem. A conversão religiosa está tirando a discussão politica da sociedade. Ela está levantando o pecado para defender homofobia, racismo, discriminação e isso é muito grave. Não adianta brigar com o eleitor, temos que parar pensar que esse leitor é vitima. Vítima de uma lavagem cerebral”.
“A gente não tem que discutir um candidato a presidente, mas sim que Brasil queremos, para onde ele está indo, para onde podemos avançar. Vi Leonel Brizola no segundo turno fazer transferência de votos para Lula. Estou pegando esse exemplo, esse fato da história para dizer que nessa hora tem que se pensar no Brasil. Pensar nos ricos que o povo brasileiro ta correndo. E pensar que projeto de país nós queremos? Nós temos de construir um Brasil para os brasileiros, independente, com capacidade de tirar o povo da miséria. Precisamos resistir agora e se unir em nome da Pátria brasileira”.
Carlos Siqueira, presidente nacional do PSB:
“Queria saudar toda a militância petista, todos dirigentes e simpatizantes. Trago as saudações e alegrias de todos os socialistas do PSB por essa celebração do PT 40 Anos. Bolsonaro diz que tem a missão de liberta o país da esquerda. Se ele pretende nos eliminar, ele está profundamente enganado. Nós dos do PT, PSB, PCdoB, PDT e PSOL somos fruto da luta social. Precisamos aproveitar essa celebração do PT para lembrar que nossa história vem de longe, de muito anos em que os trabalhadores resolveram tomar consciência do seu papel na humanidade e fazer os seus partidos”.
“Estamos aqui hoje exercendo nossa liberdade para defender a igualdade. Herdamos essa luta dos nossos ancestrais. E é por isso que nem Bolsonaro, nem ninguém vai libertar o país da esquerda. Brasileiros e brasileiras, companheiros e companheiras não podemos desanimar. Estamos vivendo um momento de retrocesso, mas temos de supera-lo. E para isso é que devemos nos unir. Precisamos nos renovar e atualizar. Não vejo outra forma e momento. Se tivermos que fazermos mudanças, façamos, para continuar e poder contribuir pela luta histórica que todos esses partidos fizeram”.
(Foto: PT/Divulgação)
Assista a íntegra do debate sobre a unidade progressista:
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