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A primeira reunião foi com o presidente do PSB, Carlos Siqueira, que estava acompanhado do governador reeleito do Espírito Santo, Renato Casagrande

 (crédito:  Evaristo Sa/ AFP)

(crédito: Evaristo Sa/ AFP)

presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva começou a convidar os partidos aliados para fechar a equipe ministerial do futuro governo. Ontem, ele se reuniu, separadamente, com os presidentes do PSB, do Cidadania e do PDT e informou que o novo desenho da Esplanada será definido na semana que vem, logo após a solenidade de diplomação no cargo de presidente da República, pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), marcada para a próxima segunda-feira.

A primeira reunião foi com o presidente do PSB, Carlos Siqueira, que estava acompanhado do governador reeleito do Espírito Santo, Renato Casagrande. O partido compôs a chapa vencedora da eleição presidencial com o candidato a vice, Geraldo Alckmin, que também participou da conversa.

“Ele (Lula) nos informou que, a partir da próxima semana, vai convocar os partidos — inclusive o nosso — para discutir a questão da montagem de governo”, disse Siqueira, ao deixar o hotel em que a equipe do presidente eleito está hospedada, no centro de Brasília.

Siqueira garantiu que, ontem, não se falou em nomes ou cargos. Segundo o presidente do PSB, a legenda foi a principal força política da coligação vitoriosa na eleição e, por isso, “tem a expectativa de participar do governo. “Nós deixamos isso bem claro, e ele (Lula) tem a expectativa de contar com o PSB na montagem do governo, mas não fizemos ainda qualquer indicação de nomes e ministérios neste momento”, frisou.

Os interesses do PSB, porém, estão definidos. A agremiação sonha com a pasta das Cidades, que será recriada com a divisão do Ministério do Desenvolvimento Regional. O nome mais cotado é o do ex-governador de São Paulo Márcio França, derrotado na eleição estadual para o Palácio dos Bandeirantes pelo candidato do presidente Jair Bolsonaro, Tarcísio de Freitas.

“O PSB gostaria de participar de uma área em que ele tivesse a oportunidade de fazer políticas públicas para os municípios, para melhorar a vida das pessoas. E nós identificamos esse local como sendo, na nossa preferência, o Ministério das Cidades”, declarou Siqueira.

Outra área que pode ficar com a legenda é a de ciência e tecnologia, cujo grupo temático correlato da transição conta com alguns dos principais quadros técnicos do PSB.

Quem também não escondeu preferências para atuar no novo governo foi o presidente do Solidariedade, deputado Paulinho da Força (SP). Na conversa com o presidente eleito, o parlamentar confirmou que os partidos aliados serão chamados na semana que vem para definir o novo ministério. “Está na cabeça dele (Lula) como será o redesenho da Esplanada, e nós não levantamos essa questão. Mas como a gente ajudou a elegê-lo, temos interesse em participar (do governo).”

O partido aponta Trabalho e Previdência Social (que deverá ser cindido em dois), Desenvolvimento Agrário (sem pasta definida) e Esportes como ministérios para os quais o Cidadania está vocacionado. “Nós podemos contribuir em várias áreas, citei algumas aqui que o partido tem experiência, mas nós não falamos disso com o presidente ainda”, ressalvou Paulinho da Força.

Silêncio no PDT

O único presidente de legenda que não comentou a reunião foi Carlos Lupi, do PDT, que deixou o hotel pela garagem, sem falar com a imprensa. O partido também pleiteia o cargo de ministro do Trabalho ou da Previdência Social, mas ainda enfrenta reações internas para integrar o governo Lula por causa dos aliados do ex-candidato à Presidência Ciro Gomes.

O principal nome da agremiação para integrar a equipe ministerial é o do ex-prefeito de Niterói Rodrigo Neves, que ficou em terceiro lugar na disputa pelo governo do estado do Rio de Janeiro nas eleições de outubro, mas apoiou a chapa Lula-Alckmin desde o primeiro turno, à revelia da decisão do partido de marchar com Ciro.

Ainda nesta semana, o presidente eleito deve manter novas rodadas de conversação, não só com os partidos da coligação de esquerda, como com os novos aliados de centro, principalmente MDB e PSD, além do União Brasil, cujas negociações estão adiantadas para a formação da base aliada do governo no ano que vem.

Parlamentares do MDB na disputa por pastas

Senadores e deputados do MDB enfrentam a concorrência dos próprios colegas para garantir cargos no futuro governo Luiz Inácio Lula da Silva, além da disputa com outros partidos por vagas na Esplanada dos Ministérios. Renan Calheiros (AL) e Eduardo Braga (AM), por exemplo, brigam para ter direito de indicar o ministro que vai representar a bancada do Senado. Braga quer controlar novamente Minas e Energia, e Renan, garantir o senador eleito Renan Filho (AL) em uma pasta, sem indicar preferência por qual.

Simone Tebet participou de encontro com apoiadores em Divinópolis
Simone Tebet participou de encontro com apoiadores em Divinópolis(foto: Divulgação/Assessoria Simone Tebet)

Para aumentar ainda mais o impasse, Lula quer que a cadeira a ser entregue à senadora Simone Tebet (MS), provavelmente a de Desenvolvimento Social, seja incluída na conta do MDB. As bancadas do partido no Congresso, porém, reivindicam um nome indicado pela Câmara e outro, pelo Senado, e insistem para que Tebet permaneça na “cota pessoal” do futuro presidente.

Candidata que ficou em terceiro lugar na eleição para o Palácio do Planalto, Tebet fez campanha para o petista no segundo turno e sua atuação foi considerada decisiva na conquista de votos mais ao centro.

Influência

Os deputados vão definir nesta semana o nome a ser apresentado a Lula. Eles discutirão, ainda, a formação de blocos para negociar a distribuição de comissões na Câmara. A tendência do MDB é apoiar novo mandato para o presidente da Casa, Arthur Lira (PP). No Senado, a bancada respalda a reeleição de Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

A família Barbalho, por sua vez, também quer influenciar na escolha de nomes para o governo. O governador do Pará, Helder Barbalho, e seu pai, o senador Jader, pretendem indicar um afilhado político para o Ministério do Desenvolvimento Regional. O próprio Helder foi ministro de Integração Nacional no governo Michel Temer (MDB). Um nome de confiança da família, que pode ser apresentado a Lula, é o do deputado José Priante (PA).

Foi o governador do Pará, que esteve com Lula na COP-27, quem organizou a reunião dos emedebistas com o presidente eleito, na semana passada, em Brasília. Além dele, estavam presentes o presidente do MDB, Baleia Rossi (SP); o líder na Câmara, Isnaldo Bulhões (AL); e o senador Marcelo Castro (PI), relator do Orçamento de 2023.

Há mais alas do MDB na Câmara, no entanto, que querem a prerrogativa de indicar um ministro. O ex-presidente do Senado e deputado eleito Eunício Oliveira (CE), que já foi titular das Comunicações no governo Lula, está na lista. Mas outros fatores pesam: se Renan Calheiros fizer um acordo para que Renan Filho não entre agora no primeiro escalão, mas tenha o apoio do Planalto para disputar o comando do Senado em 2026, o também alagoano Isnaldo Bulhões pode ser o nome sugerido pela bancada na Câmara.

No Senado, Renan leva vantagem na disputa por ter sido um dos primeiros do MDB a embarcar no projeto de Lula de voltar à Presidência. Já Braga, que também apoiou Lula, ajudou o petista a vencer no Amazonas, foi ministro de Minas e Energia no governo Dilma Rousseff (PT), porém manteve proximidade com o governo Bolsonaro no Congresso.

Na prática, o MDB já sinalizou a preferência por comandar pastas que tenham “capilaridade” ou apelo nos municípios, como Desenvolvimento Regional, Infraestrutura, Cidades e Desenvolvimento Social — as duas últimas a serem recriadas.

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