”O grito”, obra-prima do pintor norueguês Edvard Munch (1863-1944), pintada pela primeira vez em 1893. Está exposta na Galeria Nacional de Oslo
o pobre de direita você sabe, é um espantalho que surge toda vez que a esquerda perde uma eleição.
a culpa nunca é dela, é sempre dele.
o pobre de direita é a geni dos derrotados.
cospem nele, jogam pedra nele, jogam bosta nele, escrevem tratados de sociologia ridicularizando ele.
a esquerda ama os pobres, mas só os que votam nela sem reclamar.
quando um candidato de direita derrota um canhoto, a esquerda grita: “bem feito, pobre tem mais é que se fuder mesmo”.
só que, nessa frase, entram os pobres de esquerda e os de direita, porque na pobreza todo mundo se fode junto.
o pobre de direita é um maldito mal votante, um ingrato cheio de má vontade, um mal agradecido que não reconhece o bem que a esquerda faz por ele.
bom mesmo é o pobre de esquerda que se cala diante do genocídio promovido pelos governos de esquerda na bahia, estado onde a polícia mais mata pretos e pobres no brasil.
o governo de esquerda do piauí acaba de privatizar a água, isso deveria deixar o pobre de direita com água na boca, não é mesmo?
o senador do petê deu o voto decisivo para aprovar o orçamento secreto, instrumento que encheu as burras da direita, como o pobre de direita poderia ignorar essa benfeitoria?
esse sacana deveria estar feliz por poder, todos os dias da semana, pegar um metrô abarrotado de gente, ou um ônibus velho e entupido, e chegar no trampo atrasado, pagando uma passagem caríssima.
o pobre de direita nasceu em junho de 2013, quando o então prefeito haddad, canhoto como o maradona, anunciou junto ao governador alckmin, à época destro como o kim kataguiri, o aumento das passagens do metrô e do buzão.
o cinismo retórico dizia que aumentar o preço da passagem em vinte centavos não iria deixar o usuário pobre ainda mais pobre, só iria, no volume, deixar o empresário rico ainda mais rico.
só se enquadrariam no conceito de pobre de esquerda aqueles que fizessem esse sacrifício de bico calado.
os pobres de direitos, os que chamo de deficientes cívicos, não são nem de direita e nem de esquerda, são apenas trabalhadores, desempregados ou subempregados, lutando para sobreviver.
nas eleições municipais essas pessoas votam por questões paroquiais, coisas que os atingem diretamente, que acontecem em seu bairro, na sua rua, por isso elas votam em quem está lá, no dia a dia.
o progressista, que de quatro em quatro anos deixa seu chopinho artesanal de lado pra dar um rolê de zepelim pela periferia, quer que a geni esteja lá, genuflexa, à sua espera, de batom vermelho, boca aberta e língua de fora.
se, no entanto, a geni lhe vira a cara e pisca para o pastor que lhe deu uma cesta básica, o canhota artesanal cospe nela, xinga ela e escreve um tratado sociológico para achincalhá-la: pobre de direita!
encerro com esse raciocínio cínico: o pobre de esquerda torceu pela kamala harris, ela perdeu e a culpa agora é dos imigrantes, uns pobres de direita que votaram no cara que vai deportá-los.
o pobre de esquerda ficou feliz quando a nação mais poderosa do mundo elegeu o seu primeiro presidente negro.
e esse presidente negro foi o cara que mais promoveu guerras na história daquela nação belicosa, matando gente pobre ao redor do mundo.
mas isso era empoderador, com obama o negro deixou de ser apenas aquele que morre sufocado debaixo do joelho de um policial branco, agora o negro mostra que também sabe matar em escala industrial.
o pobre de esquerda gostava de ver as figuras negras e imponentes e empoderadas de colin powel e condoleezza rice, dois açougueiros sanguinários.
a última película do spike lee coloca personagens negros como protagonistas em um filme de guerra e, tal qual nos filmes do rambo, os pretos tratam os vietnamitas como animais irracionais.
o que prova que questões epidérmicas não vão nos tirar dessa exploração absurda, o canalha não tem cor.
e como dizia o grande frantz fanon: “o preto quer ser branco”.
kamala era uma procuradora que procurava gente preta na rua pra botar na cadeia, mas de uma hora pra outra virou símbolo de empoderamento negro.
kamala apoia o genocídio em gaza e o envio de armas para a ucrânia, mas ela é uma mulher negra e isso é o que importa.
o sonho do pobre de esquerda é ser explorado e humilhado por uma pessoa negra com nanismo, trans e andando numa cadeira de rodas, nesse dia ele gritará a plenos pulmões: a favela venceu! mansa musa era mais rico que elon musk!
enquanto isso, um ministro negro enfia a mão entre as pernas de sua colega de trabalho por baixo da mesa e uma professora trans leva até os bancos universitários sua lacrante pedagogia: “ensinando com o cu”.
e rebola, mostrando aos pobres de esquerda o seu orifício revolucionário.
a esquerda curupira, aquela que, apenas observando as pegadas que deixa pelo caminho, você não sabe se está indo pra frente ou se faz um moonwalk, não percebeu ainda que continua ecoando nos ouvidos da gente pobre aquela frase que maicou djékisson gritou no pelourinho, ao som do olodum: ‘they don’t care about us”.
palavra da salvação.
Com informações do VioMundo
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