Maria da Penha terá proteção do Estado após ameaças da extrema direita, informou o governo. A ativista vem sendo atacada especialmente por grupos “red pills” e “masculinistas”. Essa onda misógina se baseia em fake news para desacreditar a palavra das mulheres, e Maria da Penha, símbolo do combate à violência doméstica no Brasil, é um de seus principais alvos.
Uma das fake news questiona as duas tentativas de assassinato pelas quais seu ex-marido foi condenado. Esse discurso é contrário a todas as informações comprovadas pela Justiça.
A ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, diante da situação, viajou ao Ceará para discutir com o governador Elmano de Freitas (PT) e a Secretaria de Mulheres. Após isso, ficou decidido que Maria será incluída no programa de proteção a defensoras de direitos humanos e terá segurança particular.
Além disso, a casa onde a ativista sofreu a violência, em Fortaleza, será transformada em um memorial. O local, que estava alugado e precisava ser vendido pela família, será desapropriado e declarado de utilidade pública pelo governo do estado.
“A sociedade machista e misógina delega às mulheres a tarefa de seguir comprovando, de inúmeras maneiras, as violências que sofreram, mesmo após os agressores terem sido julgados e condenados”, disse a ministra Cida Gonçalves durante entrevista ao Uol. “Da mesma forma, insiste na falácia de ‘ouvir o outro lado’, criando uma onda de ódio e fake news.”
“É inaceitável que Maria da Penha esteja passando por esse processo de revitimização ainda hoje no Brasil, 18 anos após ter emprestado seu nome a uma das leis mais importantes do mundo para a prevenção e enfrentamento à violência doméstica”, declarou.
Maria da Penha lamentou a onda de ataques e fake news após 41 anos das violências que sofreu e 18 da Lei Maria da Penha. “Como se fosse possível colocar em xeque a veracidade de fatos ocorridos e a legitimidade das instituições brasileiras, sobretudo da Justiça”, disse ela.
“O que me fortalece é saber que não estou sozinha na defesa da lei Maria da Penha. Temos muitas pessoas comprometidas com esta causa, e isso nos fortalece a cada dia”, afirmou. Ela vê a criação do memorial na casa onde aconteceram as duas tentativas de assassinato como um “sonho”, ressignificando o espaço para contar a história dos movimentos de mulheres e da criação da lei.
Com informações do Diário do Centro do Mundo
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