Após criticar e bloquear o orçamento das universidades públicas federais, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, defendeu a expansão da rede privada no ensino superior no Brasil com regras menos rígidas. Em discurso voltado para donos e dirigentes de faculdades particulares, durante evento em Belo Horizonte, o titular da pasta disse que o governo quer a sociedade buscando “sua felicidade, seus sonhos. Isso só é possível com um ensino superior baseado fortemente na iniciativa privada e livre”. Ligado ao mercado, o chefe do MEC trabalhou 18 de seus 47 anos no Banco Votorantim, onde foi economista-chefe e diretor. Em seguida foi para a Quest Corretora. Depois viria a ser professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
“Existe espaço para as universidades federais, para as estaduais, mas olhando para o Brasil dos próximos anos é muito claro que não há condição do atual estado de contas do setor público, de nós sociedade, pagadores de imposto, atender a essa demanda (do ensino superior)”, disse ele nesta quinta-feira (6) durante a abertura do Congresso Brasileiro da Educação Superior Particular, em Belo Horizonte.
“Esse governo defende o viés liberal na economia e conservador nos costumes. Se há duas pessoas honestas tendo uma relação econômica livre, porque alguém tem que interferir? Para quê criar um monte de regras entre uma pessoa que quer estudar e um grupo que quer ensinar?”, questionou ele em discurso
O ministro não respondeu sobre como pretende quais regras pretende mudar e como pretende dar mais liberdade para a rede privada de ensino. Durante o discurso, Weintraub disse apenas de forma genérica que quer uma regulação menos rigorosa. “Nós acreditamos que a maioria dos brasileiros são de boa fé. Quem está livre, com CPF e nomes limpos, é uma pessoa de boa fé e vai ser tratada assim no MEC. Quem tiver má fé, a Justiça é quem vai cuidar delas”, disse.
O ministro já havia criticado as universidades federais sob o argumento de elas são ambientes de “balbúrdia” e atos impróprios, como algumas mobilizações que ele chamou de partidárias. O governo Jair Bolsonaro também alegou pouca arrecadação e a necessidade de cortar custo.
Os cortes de orçamento na Educação gerou várias mobilizações que aconteceram no dia 30 de maio em quase todos os estados brasileiros (veja aqui). No dia 15 do mês passado,manifestantes foram às ruas em mais de 200 cidades brasileiras em todos as unidades federativas contra os cortes na Educação (confira).
O estrangulamento das universidades federais deve prejudicar ainda mais os setores de Ciência e Tecnologia em nível nacional, porque elas são responsáveis pela maior parte das pesquisas no País. Por consequência, o corte do orçamento dessas instituições é um entrave para o estímulo ao crescimento da indústria nacional e à melhoria da qualidade da Educação brasileira.
Dilapidar dois fatores fundamentais para um projeto nacional de desenvolvimento faz parte da agenda neoliberal que voltou com força no Brasil após o golpe contra Dilma Rousseff, em 2016, que preza pelo mito de que a iniciativa privada é a saída para a crise econômica e para a melhoria dos serviços públicos. Dilapidar um projeto nacional de desenvolvimento é a base de uma agenda anteriormente tocada por Michel Temer e agora por Jair Bolsonaro e deixar o setor privado governar o País.
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