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O ex-comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, que reagiu aos ataques aos militares, de Olavo de Carvalho, guru do presidente da República chamando-o de “Trotsky de direita” diz que esses ataques “passaram do ponto” e critica a postura de Carvalho de se arvorar a tutelar o país. Para ele, se o governo Bolsonaro não der certo, uma parte da conta será debitada aos militares.

Em entrevista à jornalista Tânia Monteiro, de O Estado de S. Paulo, o general, considerado um dos nomes de maior influência e autoridade das Forças Armadas, foi o porta-voz da corporação na resposta aos ataques do guru de Bolsonaro ao ministro-chefe da Secretaria de Governo, general santos Cruz e aos militares em geral. Olavo de Carvalho eo seus acólitos de ultradireita no governo, incluindo os filhos de Bolsonaro, têm atacado sistematicamente militares de alta patente com cargos no governo, inclusive o general da reserva e vice-presidente da República, Hamilton Mourão.

Villas Bôas hoje também está na reserva e ocupa um cargo de assessoria especial no Gabinete de Segurança Institucional (GSI), cujo titular é o general Augusto Heleno.

Ele defende a presença de militares no governo, afirmando que “Bolsonaro entendeu que trazer militares para trabalhar em setores do governo seria uma cooperação importante para o restabelecimento da capacidade de gestão e a busca de combate à corrupção. Isso não significa que as Forças Armadas estão participando do governo, mas trazendo consigo seus valores”.

O general Villas Bôas insiste em que Olavo de Carvalho “passou do ponto”, “já vem passando do ponto há muito tempo, agindo com total desrespeito aos militares e às Forças Armadas”.

Comenta sobre o baixo nível dos comentários e a grosseria de Carvalho: “É impressionante que ele, como um homem que se pretende culto e inteligente, desconhece normas elementares de educação. É também muito grave a maneira como ele se refere com impropérios a oficiais da estatura dos generais Mourão (vice-presidente da República), Santos Cruz (ministro da Secretaria de Governo) e Heleno (ministro) e aos militares em geral.

Villas Bôas vai fundo ao se referir à personalidade e às intenções do guru de Bolsonaro : “Às vezes, ele me dá a impressão de ser uma pessoa doente, que se arvora com mandato para querer tutelar o País”.

Ressalvando que considera a posição de Bolsonaro como de “respeito, admiração e apoio às Forças Armadas”, o general critica o guru Olavo de Carvalho e seus seguidores, incluindo os filhos do presidente. Considera os ataques às Forças Armadas um “resultado de uma certa influência do sr. Olavo num grupo importante de apoiadores de Bolsonaro”.

Villas Bôas considera “uma inverdade que beira o ridículo” a tese dos olavistas de que os militares querem assumir o poder em dois anos, com o vice Hamilton Mourão e nega que o general Santos Cruz vá sair do governo o governo.

Ao final da entrevista, o general Villas Bôas faz uma constatação que já preocupa as Forças Armadas, o mundopolítico e parte da população: “Embora o que estejamos vivendo não represente as Forças Armadas no governo, mas pela importante presença dos militares em cargos de chefia, certamente uma parte da conta [se o governo não der certo] será debitada aos militares.

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