Completado um mês da prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o cenário eleitoral pouco mudou. Lula continua dando as cartas da sucessão enquanto seus adversários batem cabeça. A cena que resta fora da Superintendência da Polícia Federal do Paraná (superintendência inaugurada por Lula quando era presidente) parece destituída de legitimidade, tal a precipitação e o caos que tomam as agendas dos candidatos. Quem lidera e entende de eleição está preso, enquanto os que patinam nas pesquisas e sofrem rejeição estão soltos
Não bastasse o caos fisiológico e de conveniência que toma as candidaturas da direita, enfraquecidas por n motivos mas sobretudo por um golpe que não deu certo, o campo da esquerda está em seu momento “Esperando Godot”. Até Ciro Gomes, o mais ‘personalizado’ dos candidatos do progressismo, não consegue esconder sua ansiedade em ter o apoio de Lula ou pelo menos ver a candidatura do ex-presidente ser oficialmente retirada de cena.
Boulos e Manuela, diferentemente do que se pensa, fortes e consolidados, são os únicos candidatos que podem olhar para o espelho para enxergar um presidenciável digno do nome. Eles foram “ungidos” por Lula antes da prisão e, simbolicamente, representam a porção legítima desta eleição.
O campo da direita está completamente confuso. São eles que precisam se unir para sobreviver, diferentemente da esquerda. Alckmin acena para Temer que acena para Barbosa que acena para Marina que não acena para ninguém.
A resistência e a saúde física, mental, espiritual e política de Lula continuam surpreendendo. É o único que está de pé. É ele quem comanda a sucessão de dentro da prisão. É ele quem mobiliza as atenções do país e do mundo. É nesse quadro que a cena política brasileira real merece ser pensada.