Jair Bolsonaro voltou a afirmar que tem conversado com a Polícia Federal sobre o autor da suposta facada desferida por Adélio Bispo contra ele durante um ato de campanha em Minas Gerais, em 2018.
Em entrevista à TV Nova Nordeste, de Pernambuco, nesta quinta-feira (6), o ocupante do Palácio do Planalto disse não acreditar “de jeito nenhum” que Adélio tenha agido sozinho. “Tenho várias suposições na minha cabeça e tenho conversado com a Polícia Federal no sentido de ajudá-la a desvendar esse crime”, disse. Em duas investigações, a PF concluiu que ele cometeu o crime sozinho e a Justiça o considerou doente mental e, portanto, inimputável.
As investigações foram reabertas mediante autorização do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, após terem sido suspensas devido a uma ação da Ordem dos Advogados do Brasil OAB) que questionava a validade das diligências da Polícia federal contra o advogado Zanone Manuel de Oliveira Júnior, que defendeu Adélio na época do atentado.
No dia 8 de dezembro, o diretor-geral da Polícia Federal, Paulo Maiurino, assinou uma portaria transferindo o delegado Rodrigo Morais Fernandes, responsável pela investigação sobre a suposta facada, para trabalhar por dois anos em uma força tarefa em Nova York, nos Estados Unidos. Com a mudança, o delegado escolhido para conduzir o inquérito foi Martin Bottaro Purper, que já investigou ações ligadas ao Primeiro Comando da Capital, o PCC.
Segundo o jornalista Joaquim de Carvalho, da TV 247, que foi a Juiz de Fora (MG) em 2021 produzir um documentário sobre a suposta facada contra Bolsonaro, a movimentação levanta suspeitas. “É preciso ficar de olho no inquérito sobre o caso da facada ou suposta facada em Juiz de Fora. “Não conheço o delegado nomeado para o caso, em substituição a Rodrigo Morais, que foi para os EUA. Mas trocar o titular do inquérito em um caso complexo como este é altamente suspeito”, disse Joaquim durante participação no programa Bom dia 247, na quarta-feira (5).
A autorização para a análise dos materiais apreendidos na investigação contra Zanone, porém, terá de ser analisada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) – e, eventualmente, pelo Supremo Tribunal Federal (STF) – uma vez que a defesa alega que a ação fere o sigilo profissional entre advogados e clientes. Bolsonaro, por sua vez, insistiu na insinuação de que Adélio contou com a ajuda de advogados para “não abrir o bico” sobre os possíveis mandantes do crime.
“Como ele tinha dinheiro, se hospedava, viajava pelo Brasil, se não trabalhava? Alguém financiava ele. Como apareceram três advogados? Crimes acontecem a todo momento, mas não aparecem advogados. Por que só o Adélio?”, questionou. “Foi quase um milagre ele não ser linchado no meio daquela multidão. O advogado tinha de interferir para ele não abrir o bico”, emendou. Ele disse, ainda, esperar que a investigação “chegue a uma conclusão sobre os mandantes desse crime”.
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