Do Blog do Kennedy Alencar – Ao dizer que pretende manter o comércio com o Irã, o presidente Jair Bolsonaro tenta amenizar o grave erro diplomático que ele e o Itamaraty cometeram ao hipotecar apoio à decisão de Donald Trump de matar um general iraniano no Iraque.
Esse comércio depende da boa relação e das necessidades dos dois países. Obviamente, o Irã precisa de carne, de soja e de milho. E vai preferir comprar do Brasil do que dos Estados Unidos, que impõem sanções aos persas. Mas a Austrália compete com o Brasil no mercado mundial de alimentos.
A submissão incondicional a Trump e a ignorância geopolítica de Bolsonaro e do diplomata profissional Ernesto Araújo podem criar dificuldades para as exportações do agronegócio brasileiro. O governo cometeu uma barbeiragem diplomática.
O presidente brasileiro chegou a dizer que se “reserva ao direito de estadista” para não fazer comentários adicionais sobre o tema. Ora, Bolsonaro pode ser tudo, menos estadista.
Ele não se comporta como estadista. Ele não se comporta como presidente da República.
A forma como ele exerce o cargo não tem nada a ver com a liturgia da Presidência da República. Nesse imbróglio com o Irã, a correção brasileira deveria ser muito maior.
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