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“O Brasil, antes de tudo, precisa preservar seus interesses, que não podem ser deste ou daquele governo. O de Bolsonaro apoia uma ação que torna o Oriente Médio mais perigoso e, por consequência, o mundo”, diz editorial do jornal da família Marinho, que lembra que o Brasil pode perder bilhões com sua submissão a Donald Trump

Jair Bolsonaro e Ernesto Araújo atentam contra os interesses do Brasil, ao colocar o Itamaraty a serviço dos interesses de Donald Trump. É o que aponta editorial desta terça-feira do jornal O Globo, da família Marinho. “Da mesma forma que atuam outras áreas do governo sob forte influência ideológica extremista, o Itamaraty do chanceler Ernesto Araújo reagiu de maneira desequilibrada ao ataque americano que matou nas imediações do aeroporto de Bagdá o general iraniano Qassem Soleimani, o segundo homem forte da teocracia persa, abaixo do aiatolá Ali Khamenei. Sem nenhum dos cuidados que a diplomacia brasileira costumava ter ao se posicionar sobre conflitos no Oriente Médio, Araújo avalizou a operação autorizada pelo presidente Trump”, diz o texto.

“Criticado por ex-embaixadores, o Itamaraty, alinhando-se a Trump, levou o Brasil a passar a considerar terrorista a Guarda Revolucionária persa, comandada por Soleimani. Até a chegada de Bolsonaro ao Planalto, o país qualificava como tal apenas a al-Qaeda e o Estado Islâmico, conforme entendem as Nações Unidas. Esta é mais uma demonstração de que a nova diplomacia brasileira imita a Casa Branca, negando legitimidade aos fóruns do multilaterialismo, como a ONU. Fez o mesmo ao prometer seguir Trump e transferir a embaixada brasileira em Israel de Tel Aviv para Jerusalém, o que significa desconhecer direitos palestinos”, lembra o editorial.

“O Brasil, antes de tudo, precisa preservar seus interesses, que não podem ser deste ou daquele governo. O de Bolsonaro apoia uma ação que torna o Oriente Médio mais perigoso e, por consequência, o mundo, devido à importância da região no suprimento mundial de petróleo. Não servem ao Brasil choques que abalem mercados”, afirma ainda o editorialista. “Não é jogo para o Brasil entrar. Precisa é se preocupar, por exemplo, com os bilhões de dólares que obtém com as vendas do agronegócio para países islâmicos. Só com o Irã, acumula um saldo de US$ 2 bilhões.

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