Responsável indireto pela nova política externa brasileira, o deputado Eduardo Bolsonaro avalia que a China, que compra 27% das exportações brasileiras, tornou-se o maior parceiro comercial do Brasil por apenas por “razões ideológicas” e não por estar se transformando na maior economia do mundo; em entrevista, o ‘príncipe’ do clã Bolsonaro voltou a defender a submissão aos Estados Unidos e chegou perto de comparar a China de Ji Xinping à Alemanha de Hitler, colocando em risco quase US$ 50 bilhões exportados anualmente pelo agronegócio brasileiro e por empresas como a Vale. Por seu alinhamento ideológico, Eduardo Bolsonaro ameaça lançar o país num abismo comercial-econômico e numa arriscada aventura geopolítica.
Segundo o jornalista Fabio Murakawa, do Valor Econômico, Eduardo Bolsonaro afirmou que escolheu “a esfera internacional como sua principal área de atuação no futuro governo” e que pretende se liderar como uma liderança no tema. Se o poder do filho de Bolsonaro for proporcional a suas iniciativas antes da posse do governo e suas entrevistas, é possível antever um desastre em larga escala para o Brasil no cenário internacional.
Ele imagina fazer com que os EUA tornem-se o principal parceiro comercial do Brasil alegando, na entrevista, sem qualquer conhecimento da história do país e da evolução da economia mundial e agredindo os chineses de maneira inusitada, comparando-os aos nazistas: “Os EUA sempre foram o principal parceiro econômico do Brasil. Só não foram em dois momentos da nossa história. Um nos anos 1930, quando o presidente Getúlio Vargas se aproximou de Hitler, e nós tivemos a Alemanha nazista como principal parceiro comercial do Brasil. E novamente agora, por razões ideológicas, a China, que desde 2009 é a principal parceira comercial do Brasil.”
Não é só. Eduardo Bolsonaro insinua um estremecimento sem precedentes na relação com os países árabes, parceiros comerciais estratégicos do Brasil, e defendeu uma mudança quase imediata da embaixada brasileira em Israel de Tel Aviv para Jerusalém, em confronto com a ONU e a comunidade árabe de todo o planeta: “Eu sou entusiasta para que [a mudança] seja no primeiro mês do governo”.
Como sempre, atacou a Venezuela. Mostrou-se inebriado com a oportunidade de frequentar os gabinetes do governo dos EUA, chamando o conselheiro de Segurança Nacional de Trum, John Bolton, de “senhor Bolton”. Eduardo Bolsonaro falou sobre o encontro de Bolton com Bolsonaro, na semana passada: “Acho que o senhor John Bolton saiu muito satisfeito daquela reunião. É como disse o senhor Bolton. Do lado de lá ele falou isso, mas do lado de cá a recíproca é verdadeira. A gente está vivendo um momento histórico que tem tudo para dar certo.”
Eduardo é também um dos organizadores da Cúpula Conservadora das Américas, que acontecerá no próximo sábado (8) em Foz do Iguaçu (PR). Ele está fascinado com a chance de uma organização regional da extrema-direita: “A ideia é que a gente aproveite essa guinada à direita, essa linha conservadora nos costumes, o pessoal que é contra a ideologia de gênero, que é a favor do livre mercado, que nós troquemos ideias. E que a gente chegue a alguns denominadores comuns em todos os países. É se organizar, afinar a comunicação. Aquilo que é gritado no Brasil é gritado no Chile, na Colômbia, nos Estados Unidos. Esse giro que eu tenho dado, Estados Unidos e Colômbia, estou também indo para Paraguai e Chile, tem servido apenas para corroborar aquele sentimento que a gente já tinha. Quando a gente vai “in loco” e vê o que acontece, a gente vê que tem a necessidade de a gente se aproximar dos nossos irmãos aqui.”
Se as palavras do filho de Bolsonaro tiverem força para se impor ao futuro governo, ao chanceler indicado, Eugênio Araújo, caberá o papel de um “office boy” de luxo do parlamentar, que se dedicará a incendiar e queimar pontes nas relações internacionais do Brasil, com severos reflexos na economia nacional.
Leia a íntegra da entrevista aqui.
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