O médico psiquiatra e ex-professor da Faculdade de Medicina da USP Mauro Salomão Weintraub, pai do ex-ministro da Educação e atual diretor do Banco Mundial, Abraham Weintraub, foi obrigado por seus filhos a se submeter a uma perícia judicial para provar que não sofre de qualquer tipo de demência senil que lhe impeça de gerir o próprio patrimônio. Segundo ele, que demonstrou em juízo gozar de suas plenas faculdades mentais, “é a ganância dos filhos que os afastou da família”.
Aos 74 anos de idade, o médico, que já foi preso por criticar o regime ditatorial instalado no Brasil em 1964, vive uma batalha jurídica de quase dez anos, em processos movidos pelos próprios filhos, Abraham e Arthur, o segundo também empregado do governo federal. O motivo é o patrimônio do pai, que os litigantes querem ver preservado até que ele morra.
Para tanto, já moveram e movem diferentes processos, seja para interditar judicialmente o pai, alegando “conduta indicativa de ausência de discernimento” (em outras palavras, insanidade mental), seja para impedir a doação de imóveis para a atual esposa, com quem vive há 24 anos, alegando que isso fere seus direitos expectativos como herdeiros do que é de seu pai.
No processo número 0033871-32.2011.8.26.0100, da Terceira Vara da Família e Sucessões em São Paulo, por exemplo, os filhos tentam a interdição do pai, para que ele não possa transferir para a esposa qualquer bem ou valor de sua propriedade.
No dia 31 de janeiro de 2012, Mauro Salomão Weintraub submeteu-se a um interrogatório na Justiça para provar sua sanidade.
Perante o juiz do caso, advogados e testemunhas, teve que responder a perguntas do tipo, “o senhor sabe onde está?”, ou “que dia é hoje?”, ou ainda “quem é o prefeito de São Paulo?”. Explicou também que dificilmente seria louco, já que era médico em pleno exercício da profissão, além de dedicar-se a inúmeras outras atividades, como pintura (com quadros expostos no Museu da Faculdade de Medicina da USP), administrador de fundos próprios no mercado financeiro (home broker) e único conselheiro de seu condomínio.
O que leva, então, seus filhos a sustentarem na Justiça que o senhor deve ser interditado, senhor Weintraub?, questionou o juiz do caso. O médico respondeu que via um só um motivo: “a ganância”. Contou também à juíza e aos demais presentes que um de seus filhos – Arthur ou Abraham – lhe dissera que sua esposa “iria largá-lo na miséria e que eles filhos teriam que sustentá-lo” (sic).