A sessão foi presidida pelo senador Izalci Lucas (PL-DF) e contou com a presença de representantes das principais entidades juninas, brincantes, grupos de forró e da senadora Damares Alves (Republicanos-DF)
Na tarde desta sexta-feira (5/7), o Auditório Petrônio Portela, no Senado Federal, foi palco da sessão especial em homenagem ao Dia Nacional do Quadrilheiro Junino, celebrado no último dia 27 de junho. A sessão foi presidida pelo senador Izalci Lucas (PL-DF) e buscou reconhecer a importância cultural e social do movimento cultural, reconhecido como Manifestação da Cultura Nacional. O evento recebeu representantes das três entidades juninas profissionais do Distrito Federal (Liga Independente de Quadrilhas Juninas do Distrito Federal e Entorno, União Junina do Distrito Federal e Entorno e Federação de Quadrilhas Juninas do Distrito Federal e Entorno), de grupos de forró, das quadrilhas juninas da capital e também da senadora Damares Alves (Republicanos-DF).
O movimento cultural das quadrilhas é um dos maiores do Brasil, com representantes de várias regiões. Somente em Brasília existiam mais de 50 grupos profissionais e alguns com mais de 40 anos de história. A capital também colecionava títulos nacionais. “É uma cultura popular importante que a gente precisava ajudar e manter. São mais de 50 grupos juninos do Distrito Federal, distribuídos entre as entidades, que disputavam não só localmente, mas também em outros estados e até fora do país. É um movimento consolidado hoje que eu tenho muito orgulho em participar”, afirmou o senador Izalci Lucas.
No Distrito Federal, existiam três entidades juninas que realizavam circuitos competitivos. Ao falar sobre a importância do evento, os presidentes das respectivas instituições enfatizaram o impacto transformador, a união, o legado e também reivindicaram maior atenção dos poderes públicos:
“Nós estávamos aqui hoje representando a nação de milhares de dançarinos de quadrilhas do Brasil. Só nós sabíamos da luta que era fazer o movimento. Era amor que a gente trazia aqui no peito. Era o que justificava chegar em casa quatro, cinco horas da manhã e descansar poucas horas para ir trabalhar no dia seguinte. Era o amor que movia os quadrilheiros.”, ressaltou Márcio Nunes, presidente da Linqdfe.
Quadrilheiro era coração, era dedicação e era um trabalho humano acima de tudo. Nós nos dedicávamos a cada pessoa, desde a infância até a fase adulta. Nós tínhamos dançarinos de 67 anos dançando e isso para mim era emocionante. Esse respeito que a gente dava e recebia. Tenho 34 anos de estrada e olhar esse reconhecimento era maravilhoso”, disse Joanivaldo Pereira do Nascimento, presidente da União Junina DFE.
“A gente precisava de mais políticas públicas para amparar o movimento junino. A gente necessitava que a Câmara Federal e o Senado pressionassem o governo para trazer mais recursos para as quadrilhas juninas”, contou Robson Vilela, presidente da Federação de Quadrilhas Juninas do DF e entorno.
O evento também recebeu o fundador da Confederação Nacional das Quadrilhas Juninas, José Pereira. “Se Brasília hoje é referência nacional, para isso precisamos correr muito. Nós começamos foi com os pés lá dentro da lama para poder ter hoje o conceito que temos de quadrilha e de entidades. Na primeira vez que chegamos ao Nordeste, eles não sabiam que tinha quadrilha junina em Brasília e hoje somos referência. Hoje existe um dia nosso graças à nossa luta ao longo dos anos”.
Ciclo aguardado pelos músicos de forró
O ciclo festivo das quadrilhas juninas era um dos mais aguardados não só pelos brincantes, mas também pelos músicos de cultura popular. O presidente da Associação dos Forrozeiros do Distrito Federal, Marques Célio, revelou que muitos artistas aguardavam o ano inteiro pelo início das apresentações. “O movimento junino para os forrozeiros era de uma importância significativa porque nós que fazíamos o forró tradicional de raiz, o forró pé de serra, criado por Luiz Gonzaga, que tem as obras principais que ajudaram a levar o movimento de quadrilhas para o seu patamar. Então nós tínhamos uma gratidão muito forte pelo trabalho que era feito pelos grupos. Principalmente o trabalho social. Ele dava muitas oportunidades aos nossos músicos.”
Visibilidade
“Para a gente era um prazer enorme estar aqui representando a nossa quadrilha e o movimento junino e mostrar a força da nossa cultura. A partir desses eventos a gente conseguia mostrar mais e mais o quão grandioso era esse movimento. A partir dessas sessões e dessas oportunidades a gente conseguia mostrar mais e mais e dar visibilidade à nossa voz. Isso tocava também o grande público. Era gostoso demais ir no arraial e ver que as pessoas estavam abraçando mais o movimento”, contou o quadrilheiro Mário Airan, da Formiga da Roça.
“Era através do apoio da Câmara, do Senado e do Executivo que a gente conseguia caminhar mais no movimento e nos ajudar a mostrar o quanto a nossa cultura era importante. Eu achava importante demais abraçarem a causa e verem cada grupo e cada representante porque todas as quadrilhas tinham uma história e elas eram lindas. Quem reconhecia, conhecia um grande trabalho. Estar aqui era o sinal de que estavam reconhecendo o nosso trabalho”, disse a quadrilheira Aleana Farias, da junina Arraiá Chapéu de Palha.
Edleuza, a “madrinha dos quadrilheiros juninos”
Durante a cerimônia, os quadrilheiros juninos homenagearam a servidora pública Edleuza Campos Pereira Claro, conhecida como a “Madrinha dos Quadrilheiros Juninos”. “Ela era a nossa madrinha há muitos anos. Especialmente quando ficávamos inviabilizados pelo poder público. Não só pelo recurso viabilizado, mas pelo respeito, carinho e especialmente pelo reconhecimento e gratidão.”
“A gente volta no tempo e vem na minha imagem a realidade de dez anos atrás das quadrilhas. Via o pessoal com muita força e vontade para fazer o movimento, mas via uma necessidade de indumentária, de vestimenta. Tudo muito precário. Eles batalhavam muito e tudo dependia da venda de água, de ações que eles mesmos faziam. Só as maiores quadrilhas que você via todo mundo enfeitado e completo e padronizado. As demais, usavam o que tinham em casa. Ver o que eles estavam vivenciando hoje era uma emoção muito grande. Tomou uma proporção imensa. Claro que tinha aquelas que se destacavam mais, mas estavam todas andando em uma linha crescente. O movimento era vida, muita alegria e animação. Eu ficava encantada e grata a Deus por ter uma pitadinha de contribuição nessa trajetória”, contou Edleuza.
Inclusão
Em discurso, a senadora Damares Alves (PL-DF) reforçou o papel social dos grupos. “Eu vi nos últimos 25 anos o que essas quadrilhas fizeram no Distrito Federal. Vir aqui como senadora e reconhecer o trabalho de vocês, das federações, das ligas e das associações, de cada quadrilheiro era dizer a vocês muito obrigada. Porque ainda hoje eu tenho meninos e meninas que encontram na quadrilha o escape, a alegria, a inserção, a inclusão e a socialização”, disse a senadora Damares Alves (PL-DF), na cerimônia.
Com informações do Correio Braziliense
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