Nova rodada de tarifas globais imposta pelos EUA já causa prejuízos internos, retaliações internacionais e ameaça a estabilidade da economia mundial

247 – Em mais um gesto unilateral e confrontador na política internacional, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou na última quarta-feira (3) um decreto que impõe uma tarifa-base de 10% sobre todas as importações que entram no país a partir de 5 de abril. A reportagem é da Sputnik International, assinada por Oleg Burunov.

Além da tarifa geral, uma sobretaxa ainda mais elevada, chamada por Trump de “tarifa recíproca”, será aplicada a partir de 9 de abril a 185 países e territórios com os quais os EUA têm os maiores déficits comerciais. A medida, segundo especialistas, representa o início de uma guerra comercial em escala global — e seus efeitos já começaram a se manifestar de forma dramática.

Colapso nos mercados e pressão inflacionária

Nos dias que se seguiram ao anúncio, o mercado financeiro dos EUA sofreu o maior colapso de sua história em dois dias: foram US$ 6,6 trilhões em perdas entre 3 e 4 de abril. Economistas ouvidos pela Sputnik alertam que os impactos serão generalizados. “Os preços de tudo vão subir na economia americana”, afirmam, destacando que os consumidores já devem se preparar para pagar mais caro desde a compra de alimentos até reparos em seus automóveis.

O mundo reage: retaliações e ameaças

A reação internacional foi imediata. A China anunciou uma tarifa retaliatória de 34% sobre todos os produtos importados dos EUA, a partir de 10 de abril, além de incluir 16 empresas norte-americanas em sua lista de controle de exportações de elementos raros, como samário, gadolínio e térbio — estratégicos para diversas indústrias.

A Europa também respondeu com firmeza. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, foi direta: “Todos os negócios, grandes ou pequenos, sofrerão desde o primeiro dia… Os custos de fazer negócios com os Estados Unidos vão aumentar drasticamente”. Já o ministro das Finanças da Alemanha, Jörg Kukies, defendeu “uma reação forte” e alertou que os setores mais afetados, como o automotivo, são cruciais para a recuperação da economia alemã.

A União Europeia, inclusive, avalia contra-atacar os setores mais lucrativos dos EUA: os serviços digitais. Plataformas como Google, Apple, Facebook, Amazon e Microsoft estão na mira de possíveis novas regulamentações e sobretaxas.

Risco de recessão global

Analistas do banco JP Morgan elevaram para 60% a probabilidade de uma recessão global até o final de 2025 — antes, o risco era de 40%. Eles estimam que o impacto negativo da guerra comercial pode reduzir o crescimento global em mais de um ponto percentual. As previsões de aumento do desemprego na União Europeia e no Reino Unido nos próximos 12 a 18 meses também reforçam a gravidade da crise iminente.

Isolamento e custo político

Ao tentar impor uma política de tarifas generalizadas sob o pretexto de “reciprocidade”, Trump pode acabar isolando ainda mais os Estados Unidos, não apenas no comércio, mas também na diplomacia internacional. A estratégia, longe de fortalecer a economia americana, tende a desorganizar cadeias produtivas, elevar o custo de vida e reduzir a competitividade das empresas nacionais.

Na prática, a guerra comercial iniciada por Trump está se desenhando como uma armadilha — não apenas para o mundo, mas para os próprios Estados Unidos. Ao buscar impor sua vontade a todo o planeta, o presidente norte-americano corre o risco de aprofundar a crise econômica global e ver ruir a própria base de sustentação econômica de seu país.

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