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O jornalista Breno Altman, editor-chefe do site Opera Mundi, é um dos mais argutos analistas políticos do Brasil.

Com vasta experiência sobre os bastidores de Brasília, como o leitor verá na entrevista acima, Breno consegue perceber detalhes da conjuntura que muitas vezes fogem aos comentaristas dos jornalões.

Altman começou nossa entrevista falando sobre o vice-presidente General Hamilton Mourão, que sutilmente tem se colocado como alternativa a Jair Bolsonaro inclusive dentro do estamento militar.

Na opinião de Breno, a súbita reaparição do ex-presidente Lula na cena eleitoral deixou a chamada direita liberal apertada entre o PT e o presidente Jair Bolsonaro.

Por isso, o impeachment do ocupante do Planalto pode ganhar tração entre partidos como o PSDB, o DEM e o MDB. Seria uma forma de garantir uma vaga para a “direita civilizada” no segundo turno das eleições de 2022.

Por este cálculo, Mourão cumpriria seu mandato tampão e um candidato possivelmente alinhado com setores militares seria lançado para enfrentar Lula, que já aparece numericamente à frente de Bolsonaro nas pesquisas.

Não havendo impeachment, Breno acredita que os liberais não terão força eleitoral para chegar ao segundo turno.

Ele nota a resiliência de Bolsonaro, que apesar de 4 mil mortes diárias por causa da covid no Brasil continua com apoio de 30% do eleitorado — 27% disseram que ele faz um governo ótimo ou bom no levantamento mais recente do Ipespe.

Breno diz que Ciro Gomes, do PDT, está se apresentando à direita como um Fernando Henrique Cardoso “turbinado”, mas não vê chances dele tirar a vaga de Lula ou Bolsonaro no segundo turno.

O jornalista também vê como muito remota a composição entre Luciano Huck, que se filiaria ao PSB, com o governador Flávio Dino (PCdoB) de vice.

Breno acredita que Dino tem várias opções melhores para seu futuro político, inclusive como ministro e eventual sucessor de Lula.

Todos os olhos do analista estão voltados para o próximo dia 14 de abril, quando o plenário do Supremo Tribunal Federal analisará a decisão monocrática do ministro Edson Fachin que extinguiu as quatro ações penais movidas contra Lula em Curitiba.

Se o plenário do STF mudar a decisão de Fachin, volta a contar a condenação de Lula no caso do sítio de Atibaia, já que a suspeição do ex-juiz Sergio Moro até agora só vale para o processo do triplex do Guarujá.

Em não havendo mudança, Breno sugere ao entorno do ex-presidente que aumente a segurança pessoal de Lula em até dez vezes, pois não descarta que um atentado mude os rumos de 2022, transformando a disputa pelo Planalto num jogo entre a direita e a extrema-direita, com a possibilidade inclusive de que as “boquinhas” dos militares no governo sejam preservadas.

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