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Especialistas consideram que Estado necessita definir políticas públicas especialmente para áreas atingidas. Governadora em exercício garante que plano de ação está sendo finalizado

Ruas alagadas e famílias desabrigadas no DF devido às fortes chuvas continuarão sendo um problema recorrente, se o governo local seguir sem planejamento que permita preparação contra fenômeno climático, que se intensifica todo ano. Especialistas ouvidos pelo Correio avaliam que devem ser adotadas políticas públicas para melhorar a infraestrutura de captação de águas pluviais, entre outras medidas. Essas iniciativas são urgentes especialmente em regiões que ainda são carentes dessas providências e que por isso são as mais atingidas pelos temporais: Vila Cauhy, no Núcleo Bandeirante, e pontos de Arniqueira e Sol Nascente, em Ceilândia.

Na avaliação do professor de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília (UnB), Frederico Barreto, o poder público deveria fazer projetos de longo prazo em conjunto à Defesa Civil. E considera que esse órgão tem de ser incorporado ao Plano Diretor de Ordenamento Territorial (Pdot), com estudos anuais, pois contribuiria com dados mais precisos sobre as consequências das tempestades. “Esse padrão de alagamentos, erosões e desastres está totalmente dentro da responsabilidade do Pdot, que não tem um parágrafo que fale sobre problemas territoriais”, destaca.

O docente cita dois pontos que teriam de ser incluídos no planejamento do GDF: a previsão do investimento em ações que evitem catástrofes, inundações e desabamentos. E restrições claras à ocupação do solo em áreas de risco.

O superintendente de Fiscalização Técnica do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Distrito Federal (Crea-DF), Wilson Lang, por sua vez, defende a necessidade de campanhas educativas lideradas pelo Executivo local. Na opinião dele, isso ajudaria muitos moradores de áreas que historicamente são mais afetadas pelas precipitações a compreender o dano que um bueiro entupido com lixo pode causar, por exemplo.

Lang acrescenta que a falta de moradias adequadas potencializa as mazelas que muitos sofrem com os aguaceiros. E que o Estado deveria ser mais atuante em projetos habitacionais. “Resolvendo a habitação das pessoas também se resolvem os problemas recorrentes do saneamento. Habitação é sinônimo de saúde, educação e a não presença de acidentes maiores como esses (de enchentes). É um problema conjuntural”, aponta.

O Diretor de gestão de riscos e desastres da Defesa Civil do DF, tenente-coronel José Genilson dos Santos, diz que, de certo modo, as autoridades foram surpreendidas com o aumento do volume pluviométrico. Ele afirma que o índice na capital federal está acima do esperado desde o fim do ano passado. E ressalta que em apenas dois dias caiu toda a água esperada para a metade do mês de janeiro.

Providências

Ao Correio, a governadora em exercício do DF, Celina Leão, informou que um grupo de trabalho está concluindo o mapeamento das áreas afetadas. Segundo ela, isso permitirá definir melhor as obras necessárias em cada região para que os efeitos das chuvas não sejam severos. O documento deve ser divulgado pelo GDF na próxima semana.

A chefe do Executivo local explicou que as obras e ações em cada lugar serão definidas de acordo com a necessidade. E sublinhou que as mazelas trazidas pelas chuvas para alguns resultam da ocupação irregular do solo. “Os nossos problemas mais graves são em áreas ocupadas sem ordenamento territorial”, indica.

Ontem, equipes da Defesa Civil e da Novacap estiveram na Vila Cauhy. Ficaram decididas as interdições das pontes Canarinho e Azulão, sobre o córrego Riacho Fundo por estarem com as estruturas comprometidas e em risco de desabamento. E também ficou acertado que elas começarão a ser reparadas ainda na manhã de hoje.

Na Vila Cauhy, em torno de 60 famílias praticamente perderam tudo devido à inundação causada pelo aumento do córrego Riacho Fundo. A chuvas que caíram quarta-feira elevaram o nível das águas, que invadiu as casas de muitos desses moradores e onde literalmente deixou um mar de lama. Roupas, alimentos, móveis, utensílios, entre outros bens foram perdidos ou ficaram inutilizados. Líderes dessa comunidade e entidades de assistência social têm solicitado doações para diminuir o sofrimento das pessoas. Um desses grupos é a Comunidade Obra de Maria, cujos representantes podem ser contatados pelo número: 3386 9720.

Com informações do Correio Braziliense

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