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“Nós não podíamos imaginar que a situação fosse tão grave”, disse o ex-ministro, que integra a transição

www.brasil247.com - Arthur Chioro
Arthur Chioro (Foto: Felipe L. Gonçalves/Brasil247)

Da Rede Brasil Atual –O ex-ministro da Saúde Arthur Chioro afirma que a situação no Ministério da Saúde neste final do governo Bolsonaro é de absoluto “caos”. Essa é a constatação que ele faz por conta de sua atuação no grupo de trabalho de transição para o governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

“Esse caos e essa desorganização são um reflexo do que foi o governo Bolsonaro. É um final patético, para desespero da população brasileira”, diz o ex-ministro em entrevista à revista Brasil TVT deste fim de semana.

“Nós não podíamos imaginar que a situação fosse tão grave. Em primeiro lugar, porque as informações mais sensíveis da gestão pública e não apenas da Saúde foram colocadas sob sigilo”, destaca Arthur Chioro.

“Isso significa que nós fizemos o pedido formal de informações e eles são obrigados a nos dar, mas, por exemplo, nós não temos uma informação sobre o estoque existente e qual é o prazo de validade, que estão sob sigilo. Mas o que é mais grave é que, a despeito de estar sob sigilo, eles não sabem de fato o que eles têm, o que foi distribuído, e o que está para vencer”, afirma em referência aos estoques de remédios e vacinas no país.

“Pelo Tribunal de Contas da União, e essa é uma informação pública, foram perdidas 3 milhões de doses de vacinas contra covid”, lembra Chioro. “E há milhões de doses vencendo agora ao final do ano, em janeiro e ao longo de fevereiro. São milhões de doses e o prejuízo estimado pelo Tribunal é da ordem de 2 bilhões de reais só com essas vacinas cuja perda já está constatada.”

Na questão das vacinas, segundo Chioro, até agora nem a Fiocruz, nem o instituto Butantan, que são responsáveis pela grande maioria de vacinas que a população toma, não receberam a programação de compra de vacinas para o próximo ano.

“O instituto Butantan, por exemplo, produz oito das vacinas do nosso calendário de vacinação e até agora não foi dito pelo Ministério da Saúde quantas doses precisarão ser produzidas. É inacreditável, eu diria que a situação nem é mais grau de insegurança, mas sim de caos”, diz o ex-ministro.

“É assim com as vacinas, é assim com o enfrentamento da covid. Está faltando medicamento para a Aids no Brasil inteiro, para hepatite, esse é o quadro generalizado em tudo aquilo que o Ministério da Saúde deveria estar à frente.”

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