“O Brasil já tem a segunda maior taxa de juros reais do mundo. E o que o mercado quer da próxima reunião do Copom? Mais um aumento de 0,5% na taxa Selic”, protestou o deputado Lindbergh Farias (PT-RJ)
Na véspera da reunião do Copom, a bancada do PT reagiu ao arrocho monetário praticado pelo BC
Parlamentares da Bancada do PT na Câmara repudiaram nesta segunda-feira (4) uma possível alta dos juros, já defendida pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e pelo mercado financeiro. Baseado no último Boletim Focus, produzido a partir da opinião de gestores de fundos e economistas ligados ao mercado financeiro, setores da mídia projetam um aumento dos atuais 10,75% para 11,25% na taxa Selic. A justificativa seria o crescimento da expectativa de inflação para 4,59% e a falta de “corte de gastos” pelo governo federal. Segundo os petistas, a alta taxa de juros é o maior empecilho para o crescimento do País e a estabilização completa da economia brasileira.
Segundo a presidenta nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR), a pressão pelo aumento dos juros não passa de um movimento de chantagem sobre o governo Lula para engordar, ainda mais, os lucros do mercado financeiro.
“Na semana do Copom, aumenta ainda mais a pressão na mídia por cortes nos investimentos do governo e nas políticas públicas para o povo. Só que o único descontrole na economia não é nos gastos do governo, mas nos juros estratosféricos que fazem crescer a dívida pública e já provocam recorde de recuperações judiciais das empresas, apesar do crescimento da economia. É uma chantagem aberta dos mercados financeiros, que cria expectativas falsas e irrealizáveis, manipulando o câmbio, a bolsa e as decisões do BC. Apostam contra o País e os “analistas” na mídia ainda lhes dão razão”, criticou a parlamentar.
A presidenta do PT ressaltou ainda que a defesa do “corte de gastos” defendido pela mídia e o mercado financeiro “só recaem em cima daquilo que atinge o povo trabalhador e os pobres: pisos de saúde e educação, reajuste do salário mínimo, seguro desemprego, abono salarial, BPC”. “Nada se fala dos juros estratosféricos, que vem aumentando a dívida, do sistema tributário injusto e concentrador de renda, das desonerações bilionárias. Dá uma tristeza!”, escreveu em sua conta no X (antigo Twitter).
Da mesma forma, o deputado e coordenador da Frente Parlamentar Contra os Juros Abusivos, Lindbergh Farias (PT-RJ), condenou uma possível alta das taxas de juros do País, uma das mais altas do mundo. Segundo ele, esse é um movimento orquestrado de sabotagem contra o País e o sucesso do governo Lula.
“O Brasil já tem a segunda maior taxa de juros reais do mundo. E o que o mercado quer da próxima reunião do Copom? Mais um aumento de 0,5% na taxa Selic, o que significaria uma taxa básica de 11,25%. INACEITÁVEL! Pior, agora a desculpa é o pleno emprego e o aumento da renda dos trabalhadores. Não há descontrole inflacionário no Brasil, nem falta de compromisso do governo Lula com a estabilidade fiscal. Quem cria rombo nas contas públicas é o BC, aumentando cada vez mais os juros. Infelizmente, Campos Neto e o mercado vão sabotar o País até último dia do bolsonarista à frente do Banco Central”, acusou.
Juros asfixiam capacidade de investimento do governo
No mês passado, o Tesouro Nacional divulgou dados que demonstram como os juros elevados estão afetando drasticamente as contas públicas e a capacidade de investimento do governo federal. Com a Selic em 10,75% ao ano, o governo enfrenta uma pressão crescente sobre o próprio endividamento.
O processo conhecido como “apropriação de juros” é um fator crucial para entender o cenário. Por meio desse mecanismo, o governo reconhece mensalmente a correção dos juros que incidem sobre os títulos da dívida pública, incorporando esse valor ao estoque da dívida. Com a Selic nas alturas, essa apropriação de juros exerce uma pressão crescente sobre o endividamento do governo.
Em agosto, o Tesouro emitiu R$ 107,55 bilhões em títulos da Dívida Pública Mobiliária Federal interna (DPMFi). Desse total, R$ 59,74 bilhões foram destinados a atender à demanda por títulos corrigidos pela Taxa Selic. Essa emissão teve como objetivo compensar parcialmente os altos vencimentos de títulos prefixados que ocorrem no primeiro mês de cada trimestre.
Juros altos são prejudiciais aos brasileiros
Parlamentares petistas também alertaram que, uma possível alta dos juros, prejudicaria especialmente a classe trabalhadora brasileira. Segundo o deputado Vicentinho (PT-SP), ex-presidente nacional da Central única dos Trabalhadores (CUT), se o Banco Central estivesse “afinado” com os interesses do povo brasileiro, deveria neste momento reduzir a taxa de juros.
“A taxa Selic deve ser controlada e, a cada passo, reduzida. Porque esta taxa afeta diretamente o bolso do povo brasileiro quando é reajustada. Isso é sério porque enquanto os rentistas, especialmente os banqueiros, comemoram o crescimento dos juros, o povo que paga com o aumento que é repassado aos preços, aumentando a inflação, inclusive. Por aqui nós estamos torcendo e queremos que o Banco Central atue afinadamente com os interesses do povo brasileiro. Esse é o objetivo. Por isso que eu tenho realmente bastante dúvidas sobre essa autonomia do Banco Central. Vamos discutir muito sobre isso”, disse o petista.
Na mesma linha, a deputada Benedita da Silva (PT-RJ) também criticou uma possível alta dos juros. Ela lembrou que, recentemente, até mesmo boas notícias que beneficiam o povo têm servido de justificativa para o aumento da taxa Selic.
“No apagar das luzes de seu mandato, o presidente do BC deve, segundo as expectativas do mercado, aumentar mais uma vez a taxa de juros. Ele não desiste de sabotar o crescimento do país e considera o baixo desemprego atual um mal para a economia e não um bem para os trabalhadores”, lembrou.
Em abril deste ano, o presidente do Banco Central disse em entrevista que um regime de “pleno emprego no País poderia pressionar a inflação”. Segundo ele, nesse cenário empresas poderiam ter dificuldade de contratar mão de obra especializada, precisando então elevar salários.
Com informações do PT Org
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