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O maior golpe já dado no consumidor de eletricidade e no patrimônio do povo brasileiro está em andamento, segundo Ikaro Chaves, dirigente da  Associação dos Engenheiros e Técnicos do Sistema Eletrobras (Aesel).

E ele não está sendo dramático.

Afirma que a privatização da Vale do Rio Doce, um crime de lesa-Pátria consumado pelo governo de Fernando Henrique Cardoso, que simplesmente desconsiderou as imensas reservas de minérios da empresa ao privatizá-la, vai parecer um conto infantil diante da venda da Eletrobras pelo governo de Jair Bolsonaro.

A MP foi aprovada pela Câmara e está no Senado, que decidiu por audiências públicas antes de 22 de junho, quando a medida provisória caduca se não for apreciada.

Diante da crise hídrica que o Brasil já está enfrentando e que pode culminar com racionamento de energia em novembro ou dezembro, se os reservatórios permanecerem baixos e a economia brasileira acelerar, Ícaro diz que o comprador da Eletrobras vai fazer rios de dinheiro, uma verdadeira mina de ouro, se a empresa for privatizada agora.

Segundo ele, a ideia de acelerar a privatização foi da empresa onde trabalhava o ministro da Economia Paulo Guedes, a BGT Pactual.

Pelo modelo proposto, as hidrelétricas que já se pagaram e, por isso, precisam vender a energia abaixo do preço do chamado “mercado livre”, ficarão livres dos limites impostos pelo governo Dilma.

O óbvio impacto disso, na opinião de Ikaro, será um aumento das tarifas para o consumidor, que na opinião dele pode chegar a 35%.

A União passará ser minoritária no controle dos reservatórios e do fluxo dos rios, o que é considerado estratégico em qualquer lugar do planeta — nos Estados Unidos, o sistema elétrico é privado mas as hidrelétricas são controladas em sua maioria pelo Exército, justamente por envolverem variáveis decisivas para a Nação.

Ikaro usa dois exemplos dos Estados Unidos, aliás, para demonstrar os danos que poderiam ocorrer no Brasil: a Enron, empresa de energia que faliu, promovia manutenções de maneira a restringir o fluxo de energia e, com isso, aumentar o preço especialmente para os consumidores da Califórnia; no Texas, a empresa de energia que não fez o devido trabalho de manutenção acabou pega de surpresa por uma tempestade de frio que… a beneficiou, já que os preços subiram.

O dirigente da Aesel diz que o preço estimado da Eletrobras, de R$ 25 bilhões que seriam recolhidos ao Tesouro, é um verdadeiro escândalo, considerando que a Eletrobras é lucrativa, tem quase R$ 15 bilhões em caixa e dívidas e receber de R$ 44 bilhões.

Ou seja, ao fim e ao cabo o Brasil perderia R$ 34 bi a longo prazo ao entregar o controle da estatal, sem considerar que o aumento dos preços da energia impactaria toda a pequena e média indústria nacional, além dos consumidores do dia-a-dia.

Mas, quem seriam os ganhadores? Os banqueiros que promovem a privatização, o governo Bolsonaro, em tese o pequeno número de grandes consumidores que hoje compram no chamado “mercado livre” e tem poder de barganha e os donos de termelétricas privadas, a gás ou a óleo diesel, que hoje são acionados sempre que há risco de apagão.

Ikaro teme, ao citar os exemplos da Califórnia e do Texas, que se crie um estado de escassez permanente no Brasil, que justifique tarifas maiores para sugar dinheiro direto da carteira dos consumidores domiciliares.

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