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Presidenta do STF recusou votação de ações declaratórias de constitucionalidade sobre prisão após segunda instância, o que evitaria exposição do caso de Lula a pressões da mídia. Placar passa para 5 a 4

Os ministros Dias Toffoli e Ricardo Lewandowski, respectivamente sétimo e oitavo a proferirem seus votos, votaram a favor do favor do habeas corpus (HC) do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Assim como Gilmar Mendes, eles defenderam a presunção de inocência até que haja sentença da instância máxima sobre o caso. O placar segue desfavorável a Lula, agora em 5 a 4, com voto do ministro Marco Aurélio a favor de Lula. Neste momento, o ministro Celso de Mello faz a defesa do texto constitucional, indicando que também deve votar a favor do HC. Ele mostrou que o trânsito em julgado é um princípio constitucional do Brasil e de outros países, como Portugal e Itália.”É um princípio caro à liberdade dos povos e do cidadão”, afirmou ao deferir o pedido de habeas corpus.

Gilmar Mendes, que havia sido o segundo a se manifestar também atacou a imprensa, a quem chamou de “chantagista”, e a TV Globo. “Nunca vi uma mídia tão opressiva como a desses últimos anos”, disse. “O clamor das ruas não deve orientar as decisões judiciais”, declarou, citando doutrina jurídica.

Além do relator Edson Fachin, contra o habeas corpus, de Toffoli e  Mendes, a favor, já votaram os ministros Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso e Rosa Weber, todos pelo “não”. Marco Aurélio votou a favor do habeas corpus.

O ministro Marco Aurélio Mello, contrário à prisão antes de um processo ter conclusão em instâncias superiores, afirmou que Cármen Lúcia armou uma estratégia para alcançar um resultado que permita a prisão de Lula. “Vence a estratégia, o fato de Vossa Excelência não ter colocado em pauta as (ações) declaratórias de constitucionalidade”, disse Mello à presidente do STF.

O ministro se refere ao fato de a Cármen ter se recusado a colocar em votação ações declaratórias de constitucionalidade, e não um caso subjetivo, que abordariam o tema das prisões após segunda instância de maneira abrangente, tornando desnecessária a exposição individual do caso de Lula.

Na sequência vota Celso de Mello, decano da Casa. A presidente da corte, Cármen Lúcia, vota por último. Veja como pode ficar a situação do ex-presidente. Antes do voto de Celso de Mello, a defesa lembrou que no habeas corpus há um pedido subsidiário para que prisão não ocorra antes de julgadas as duas ADCs. Marco Aurélio se posicionou a favor e Cármen Lúcia disse que pode colocar em votação após o debate sobre o mérito do HC.

Lava Jato

Gilmar Mendes criticou a Lava Jato. Para ele, “a prisão em segunda instância é uma balela”. Isso porque, na Lava Jato, a prisão “começa já na primeira instância de forma provisória”.

O ministro mudou de posição em relação à posição que adotou em outubro de 2016, quando votou a favor da prisão após a segunda instância. Ele defendeu que o mérito do HC de Lula coincide com os pedidos feitos nas Ações Declaratórias de Constitucionalidade (ADCs) 43 e 44, enquanto o relator do pedido, Edson Fachin, argumentou que a matéria deve ser definida somente no julgamento das ADCs.

Essas são as ações que a presidenta Cármen Lúcia se nega a pautar, embora liberadas pelo relator Marco Aurélio no início de dezembro de 2017.

Houve um bate-boca entre a presidenta Cármen Lúcia e Marco Aurélio. Cármen tentou justificar o fato de não ter pautado as ADCs, dizendo que o habeas corpus, “por sua natureza”, tem preferência. “Em termos de desgaste, a estratégia não podia ser pior. Vossa excelência disse que seria apequenar o tribunal. Eu não penso dessa forma”, atacou Marco Aurélio.

Gilmar retomou a palavra e defendeu que o mérito do HC de Lula não diz respeito apenas ao ex-presidente e terá efeito de jurisprudência. “A mim me parece, com todas as venias de estilo, que estamos decidindo o caso (Lula), mas estamos decidindo também o tema”, declarou.

“Não há como denegar (rejeitar) o HC e conceder a ação declaratória. Não faz nenhum sentido. É o plenário do Supremo que está a deliberar sobre o tema. Essa questão se pôs, por acidentalidade do destino, em sede de habeas corpus.”

Ele atacou o principal telejornal da Globo, que o acusou de incoerência por mudar de posição em relação à prisão após condenação em segunda instância. “Se fez ontem um festival no Jornal Nacional querendo provar minha incoerência.” O ministro refutou a acusação argumentando que, quando o STF decidiu a favor da prisão, previa que a execução seria “possível”, e não automática, como tem ocorrido.

“A possibilidade virou obrigação”, disse. Segundo ele, os réus prejudicados pelo cumprimento automático da pena após condenação em segunda instância “cumpriram pena indevidamente.”

Acompanhe os principais pontos do julgamento pelo Twitter da Rede Brasil Atual.