Nos primeiros 10 meses deste ano o DF registrou 7,6% mais ocorrências do que em todo o ano passado
As chuvas chegam trazendo os escorpiões. Segundo o levantamento da Secretaria de Saúde (SES-DF), de janeiro até a outubro deste ano, foram registrados cerca de 2.360 atendimentos envolvendo o animal peçonhento. Isso significa mais de sete casos por dia. O número representa aumento de 7,6% em relação ao ano passado, quando houve um total de 2.192 incidentes com o aracnídeo. Em 2022, a maioria dos casos graves envolveu crianças, sendo que um deles evoluiu para óbito.
A Diretoria de Vigilância Ambiental (Dival) recebeu 2.262 chamados da população para capturar escorpiões até o mês passado. Para o biólogo Alberto Brito, o aumento de aparições da espécie em cidades é devido ao desequilíbrio ambiental, seja por falta de predador natural ou por uma grande quantidade de presas. “Outro motivo para essas invasões se deve à quantidade de alimentos, como as baratas, nas áreas urbanas”, alerta.
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O especialista comenta que, em Brasília, o tipo mais comum e maior causador de acidentes é o amarelo. “Os sintomas da picada do escorpião são dor local, vermelhidão, inchaço e suor. O maior problema ocorre com pessoas imunologicamente sensíveis, como crianças e idosos”, informa.
Para Alberto, os aracnídeos costumam ficar em ambientes escuros com presença de umidade. “Para tentar evitar essa visita indesejada, é bom sempre manter a residência limpa e fechar as lixeiras — que atraem baratas — e não colocar objetos empilhados”, descreve. Em zonas rurais, há outras dicas como o controle de forma biológica. “Um exemplo é a criação da galinha d’angola, que preda o escorpião”, explica. O biólogo desconhece a existência de um remédio químico com eficácia comprovada que faça o controle dos escorpiões.
Aparições
O empresário Wesley Carlos Rodrigues, 22 anos, comentou que, em março deste ano, um escorpião foi encontrado em seu estabelecimento, no Itapoã, durante uma limpeza. “Nós só encontramos um, mas ficamos com medo, pois não sabíamos quando poderia aparecer outro”, destaca.
O rapaz conta que o animal foi capturado e colocado em um recipiente com álcool. Depois de um tempo armazenado, ele foi descartado junto com o pote de vidro. “Acredito que a aparição foi devido às baratas que circulam por aqui ou por conta da boca de lobo que tem na esquina. A única prevenção que eu tenho é deixar o ambiente limpo, já que colocar telas não é possível, por conta da quantidade de brechas que existem para eles passarem”, finaliza.
Danielly Oliveira, 21, relata o susto que levou, na semana passada, quando encontrou dois escorpiões, um pequeno no prédio e outro maior no banheiro. “É muito recorrente encontrar, geralmente meu padrasto os mata”, comentou. A moradora de Ceilândia disse que, depois da primeira aparição da espécie, foi feita uma dedetização no apartamento, o que amenizou os surgimentos, mas, após um tempo, os escorpiões voltam.
Ela conta que toda sua família está sempre muito alerta e com bastante receio. “Minha mãe geralmente isola todos os lugares da casa para evitar a entrada deles. Isso porque tenho um irmão de quatro anos, além do meu cachorro. Conviver com esses bichos é muito perigoso, graças a Deus ninguém nunca foi picado”, explica.
Caso grave
Na primeira noite do ano, o menino Thomas Caitano, então com 2 anos, foi picado na cabeça por um escorpião, dentro de casa, e ficou internado em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) por mais de 100 dias. O menino passou pelos hospitais Brasília de Águas Claras e Regional de Taguatinga (HRT) e foi submetido a cirurgias.
A mãe, Adriana Caitano, contou que ele respira por traqueostomia com ventilação mecânica e se alimenta por sonda de gastronomia, mas tem se desenvolvido bem. “Quando saiu do hospital, só mexia os olhos voluntariamente. Hoje, ele mexe a cabeça, os braços e as pernas, sorri com brincadeiras e músicas, se comunica pelo choro — de dor, de carência, de sono, de incômodo e já respira algumas horas sem a ventilação mecânica”, acrescenta. O coração, o pulmão, os rins e o fígado, que sofreram naquele momento crítico, estão totalmente recuperados.
No caso de um acidente com o animal, a vítima deve ser encaminhada imediatamente a um pronto socorro. De acordo com a SES-DF, existem soros disponíveis na rede pública de saúde. É importante informar ao profissional o máximo possível de características do animal e, se possível e seguro, capturá-lo e levá-lo junto para identificação.
Com informações do Correio Braziliense
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