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A manchete da Folha, hoje, confirma o que já há tempos se sabia: Sérgio Moro vai montar uma “superpolícia política” da para investigar – o que hoje, significa desmoralizar e fragilizar – políticos que, naturalmente, não serão os do novo governo, como sugere o perdão do ex-juiz de Curitiba ao “arrependido” Ônyx Lorenzoni.

É evidente que políticos sobre os quais pesem indícios de cometimento de crimes devem ser investigados. Isso é totalmente diferente de ter centenas de delegados e agentes debruçados, todo o tempo, à cata do que possa servir para investigações que, afinal, terão como alvo quem não disser um absoluto “sim, senhor” ao novo governante. Ou será que alguém acredita que a “hiper Lava Jato” vei se dedicar a investigar quem adubou a primavera da direita?

A menos que interesse ao governo fritar alguém ou, especialmente, interesse a Moro fritar alguém dentro do Governo – e no governo só Paulo Guedes e o próprio ex-capitão rivalizam com ele, em matéria de poder – a função do grupamento “gestapiano” da polícia servirá, sob o manto do “doa em quem doe” a fazer com que doa a quem deve doer e não a quem “não vem ao caso”.

O que escapar, na base do acaso, cuidará o seletivo STF de refrear, ainda mais agora que seu presidente diz que ele deve “se recolher”. E a primeira providência, claro, será revogar a condição de “relatores de quase tudo” de Luiz Edson Fachin e de Luiz Roberto Barroso, este no caso de Temer, sobre quem não é possível prever, ainda, se escapará da condição de “bom de condenar” que construiu para si mesmo.

Como toda medida de marketing político, porém, a medida tem dois lados. Vai injetar um ingrediente extra nas dificuldades de articulação dentro do Congresso para a formação de maioria – eventualmente até de maioria de 2/3, em matérias constitucionais – para apoio às medidas necessárias ao governo.

O mata-pau de Moro vai estendendo suas ramificações sobre a árvore que o hospedou. E não são raminhos frágeis e tênues, como os do parasita das nossas matas, no início. São ramos fortes, poderosos, com força para se espalharem em qualquer direção.

Quem não viu a planta e não leu o conto clássico de Monteiro Lobato não conhece a força que o matador da floresta tem.

POR FERNANDO BRITO