Pesquisa das organizações Terra de Direitos e Justiça Global identificou, entre outros dados preocupantes, um aumento de 130% nos episódios de violência no período pré-eleitoral de 2024
Estudo relacionou casos de violência através de agressões físicas, ameaças, atentados, invasões, ofensas, criminalização e também assassinatos
Um estudo desenvolvido pelas organizações Terra de Direitos e Justiça Global identificaram, no período de 1º de novembro de 2022 a 15 de agosto de 2024, um total de 299 casos de violência política no Brasil, sendo que 145 deles ocorreram neste ano.
A terceira edição da pesquisa intitulada “Violência Política e Eleitoral no Brasil” identificou ainda um aumento de 130% nos episódios de violência política no período pré-eleitoral deste ano que teve início em 16 de agosto, em comparação às eleições municipais de 2020. E após o primeiro turno das eleições deste ano ainda terão mais informações divulgadas sobre os casos envolvendo a violência política.
A pesquisa relacionou casos de violência através de agressões físicas, ameaças, atentados, invasões, ofensas, criminalização e também assassinatos.
Para realizar o levantamento, as organizações responsáveis levaram em consideração uma serie de materiais coletados a partir de uma busca ativa de notícias em veículos jornalísticos, redes sociais, além de ferramentas de internet e linguagem de programação, tendo sido considerados somente episódios de violência onde haviam indícios de motivação política.
Crescimento e frequência dos casos
A pesquisa aponta um preocupante crescimento nesses casos, além de também mostrar uma frequência cada vez maior nesse tipo de modalidade de violência no Brasil.
De acordo com os dados, no pleito de 2018, uma pessoa foi vítima de violência política a cada oito dias; em 2020, o estudo mostra um caso a cada sete dias; agora, em 2024, a regularidade tem sido de uma vítima de violência política a cada um dia e meio.
Pelas informações divulgadas, os casos mais comuns foram os de ameaças, com 153 registros, e atentados, com 41. O número total de 299 episódios de violência política entre 2022 e agosto de 2024 teve a seguinte distribuição: foram 22 assassinatos, 26 agressões, 153 ameaças, 41 atentados, 15 criminalizações, 38 ofensas e 4 invasões. 77% dos ataques foram dirigidos a vítimas que exercem mandatos políticos.
No tocante ao gênero, o levantamento mostra que as mulheres foram o destino de 46% dos ataques registrados pela pesquisa entre novembro de 2022 e agosto deste ano. Nesse caso, as principais ocorrências foram de ameaças, responsáveis por 73 registros, e ofensas, que registraram 34 episódios.
Outro dado preocupante da pesquisa aponta o segmento da esquerda como maiores vítimas da violência política no país, com os partidos PT e o Psol concentrando a maior parte das ocorrências. Pela pesquisa, o PT foi alvo de 56 ataques e o Psol em 33 ocorrências.
Violência contra candidaturas petistas
Na campanha eleitoral do primeiro turno deste ano, militantes e parlamentares petistas já foram vítimas de vários episódios de violência política.
Em Aracaju, durante atividade de campanha da candidata do PT à prefeitura da capital sergipana, Candisse Carvalho, um militante do PT foi arrastado por um veículo plotado com a imagem do candidato bolsonarista a vereador Flávio da Direita Sergipana (PL). A polícia civil local já abriu inquérito para apurar o ato violento como tentativa de homicídio.
Em outro episódio de violência política, nesta quinta-feira (3), na cidade do Rio de Janeiro, a vereadora do PT e candidata à reeleição, Tainá de Paula, sofreu um atentado a tiros contra o veículo em que estava. Felizmente ninguém ficou ferido durante a ação criminosa. Essa não foi a primeira vez que Tainá foi vítima de violência, em maio deste ano ela já havia sofrido ameças de morte.
Também no Rio de Janeiro, em agosto, o candidato a vereador Leonel de Esquerda (PT) foi violentamente agredido pelo deputado estadual bolsonarista Rodrigo Amorim, candidato a prefeito em Niterói. E, a menos de um mês, o candidato petista a prefeito da cidade de Bagé (RS) , Luiz Fernando Mainardi, teve o comício interrompido a tiros por um extremista de direita.