Ele coordenou a reforma feita por Lula em 2003; em sua visão, proposta atual visa fazer um ajuste fiscal retirando direitos da população
Recentemente o presidente Lula, em entrevista aos economistas Eduardo Moreira e Luiz Gonzaga Belluzzo, mencionou o nome de Ricardo Berzoini, quando precisou falar sobre Previdência Social. Lula, que fez a reforma em seu primeiro ano de governo (2003), momento em que Berzoini fora ministro da Previdência Social, citou-o para exemplificar como fazer alterar o sistema previdenciário sem prejudicar a população e, principalmente, a população mais pobre.
Em entrevista exclusiva ao TaguaCei, Berzoini, que atualmente atua no gabinete do deputado distrital, Chico Vigilante, falou sobre a proposta de reforma da Previdência apoiada pelo governo de Jair Bolsonaro. A proposta já foi aprovada em primeiro turno no Senado.
Caso ela seja acatada pelos senadores em segundo turno e sancionada por Bolsonaro, Berzoini diz que a economia do país, que, segundo os analistas, já está estagnada, deve começar a retrair. Ele ressalta ainda que os mais afetados pela reforma será a parcela da população mais pobre.
“A reforma da Previdência na verdade é um ajuste fiscal. Eles querem reduzir despesas para adequar o orçamento. Porém eles querem fazer isso esfolando os mais pobres. Ou seja, tirando direitos previdenciários de efetivamente precisa da Previdência Social no Brasil.
O produto final da reforma, se aprovada, observa o ex-ministro, será o aumento da precarização da vida dos idosos e dos mais pobres.
Projeção
Berzoini usa o exemplo de uma pensionista do INSS para demonstrar que não serão só os pobres os atingidos pela reforma, mais também a classe média. Ele demonstra que uma pensionista que hoje ganha R$ 2 mil reais mensais, com a reforma, passará a receber R$ 1200 mil. Um trabalhador também, se hoje ao contribuir por 20 anos e receber R$ 2 mil, ele consegue se aposentar com R$ 1.800 mil, após a aprovação da reforma, sua aposentadoria cairia para R$ 1.200.
“As pessoas estão mais pobres, se alimentando pior, porque as pessoas não tem dinheiro para comprar. Com a reforma isso vai piorar e os empresários também vão perder, porque as pessoas vão deixando o básico, como arroz, feijão, uma carnezinha, um pãozinho, ou seja, o dono da padaria, do mercado, vai perder cliente”, explica.
Manipulação
Ao falar da conjuntura do país, Berzoini rememora o governo Dilma, onde ele participou como ministro-chefe da Secretaria de Relações Institucionais, ministro das Comunicações e ministro-chefe da Secretaria de Governo. Ele é uma testemunha ocular do impeachment de Dilma e garante que a partir desse fato o Brasil entrou num processo de destruição do patrimônio público nacional.
Para ele, os opositores ao governo Dilma, agiram de forma irresponsável e criaram uma “um ambiente artificial de crise econômica” para justificar a tomada de poder. “Com isso, eles colocaram primeiro o Temer, e agora o Bolsonaro. Eles vão acabar com o país. O governo não tem projetos, o único projeto que há é a reforma da Previdência, que vai piorar ainda mais a situação econômica e social do país”, ressalta Berzoini.
Pela entrevista de Berzoini, pode-se perceber que a diferença entre os governos Lula e Bolsonaro é que, o primeiro, fez a reforma junto projetos de todas as naturezas sociais; já o governo Bolsonaro estaria fazendo apenas a reforma, sem dar nada em troca à população. O resultado disso, afirma ele, deve ser o aumento da crise socioeconômica, com mais desemprego, pobreza e precarização dos postos de trabalho.
Conforme a aprovação da proposta no Senado, o único direito ainda resguardado foi o abono salarial. A proposta que veio da Câmara previa o benefício para quem recebesse até R$ 1.364,43 por mês. Com a alteração no Senado, abono volta a ser pago para quem ganha em média até dois salários mínimos (R$ 1.996 em 2019). A proposta inicial do governo Bolsonaro era ainda mais dura, limitando o abono para quem recebe até um salário mínimo por mês
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