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Tradição brasileira de busca pela solução pacífica de conflitos não é meramente retórica

As recentes eleições presidenciais na Venezuela, que culminaram com a provável vitória de Nicolás Maduro, colocaram o Brasil em uma posição de interesse na arena internacional. 

Entende-se o papel do Brasil, liderado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seu assessor internacional Celso Amorim, na busca por um consenso hemisférico sobre a legitimidade da eleição.

O Brasil, em parceria com Colômbia e México, tem procurado demandar da Venezuela um fluxo de informações transparente que garanta credibilidade aos números divulgados pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela.

A estratégia era construir um consenso que reconhecesse Maduro como o provável vencedor de forma inequívoca. O próprio presidente venezuelano reconheceu e agradeceu o esforço dos três países.

Essa abordagem construtiva também incluiu esforços para envolver os Estados Unidos, na esperança, talvez vã,  de formar uma frente conjunta com a Casa Branca, para legitimar o resultado eleitoral.

A boa-fé brasileira não pode ser usada como uma armadilha na política latino-americana. A posição dos Estados Unidos, onde o presidente Joe Biden inicialmente aplaudiu os esforços do Brasil, contrasta com a subsequente atitude de seu secretário de Estado, Anthony Blinken, que acusou fraude na apuração e declarou unilateralmente vitória para o candidato da oposição Edmundo González,  aliado da extremista Maria Corina Machado. Esse descompasso nas declarações revela uma fragilidade na coordenação internacional e um risco de utilização da posição cautelosa do governo brasileiro em benefício de interesses desestabilizadores. A demora na apresentação das atas eleitorais no país não implica que o poder eleitoral esteja querendo fraudar os resultados para beneficiar um candidato. Seja como for, as atas serão apresentadas, checadas e daí, com transparência, os países poderão reconhecer ou não a vitória de Maduro.

Em contraste, o Brasil demonstrou um exemplar papel diplomático em relação à crise envolvendo a Venezuela e a Argentina. A expulsão dos diplomatas argentinos pela Venezuela deixou um vácuo. Os argentinos solicitaram e o Brasil prontamente preencheu, assumindo a representação diplomática no país vizinho. Até o descontrolado Milei agradeceu. 

Vale destacar que tal atitude foi adotada apesar dos reiterados e inaceitáveis ataques pessoais do presidente argentino Javier Milei a Lula.

O episódio evidenciou o tradicional compromisso do Brasil com a cooperação com foco nas necessidades das populações envolvidas, mesmo quando não são cidadãos brasileiros os diretamente afetados.

Lula e a chancelaria brasileira puderam mostrar nesse episódio que suas atitudes em defesa de diálogo e paz como forma na resolução de conflitos não são meramente retóricas, mas um verdadeiro compromisso com a diplomacia, neste caso com a estabilidade regional.

Ao lidar com tanto espírito diplomático na crise gerada pelo descontrolado presidente Javier Milei, o Brasil do presidente Lula reafirma seu papel como referência de maturidade na política internacional. Lula, mais uma vez, evidencia sua rara dimensão de estadista.

Num contexto complexo, a atitude brasileira serve como um modelo de como a diplomacia pode e deve ser conduzida com integridade e visão clara, doutrinária, de longo prazo. Uma abordagem que implica priorizar a paz e a  cooperação na América Latina, apesar das distinções que sempre ocorrem entre os interesses das nações.

Com informações do Brasil 247

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