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Burguesa, descendente de barões, estudante, psicanalista, sexóloga, feminista, comunicadora, parceira do Eduardo, militante política da esquerda, prefeita de méritos inegáveis e de ego elevado, ministra inquieta e pouco focada, pensava-se a escolhida do metalúrgico para sucedê-lo.

Tomou-se de rancores quando a “búlgara” lhe tomou o lugar. Engoliu, por conveniência ou elegância, mas não digeriu.

Abandonou, enfim, a coerência política por instinto de vingança. Foi aliar-se aos lobos, com dores de rejeição.

Aproximou-se do bandido Cunha, fingiu ser amiga do usurpador Temer e, enfim, realizou seu sonho de derrubar Dilma Rousseff.

Recolheu-se, aos poucos, talvez envergonhada. Seria peça de decoração na candidatura pré-falida do MDB.

Sem prestígio, desprezada pela esquerda e vítima de chacotas da direita, abandona finalmente a política.

Podia ter feito mais. Podia ter agregado ao menos a marca da dignidade a sua biografia. Um final melancólico.