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Basta caminhar pelo centro de qualquer grande cidade para ver as faces marcadas pela dor do desemprego, do desalento, da fome. São mais de 13 milhões de desempregados, segundo o IBGE, mas ultrapassam 27 milhões os subocupados e a enorme massa de informais, precarizados, vivendo a cada dia uma agonia na busca pela sobrevivência.

A pretexto de incentivar uma retomada econômica que não vem, os poderosos aprovaram a terceirização irrestrita, devastaram a CLT e os direitos com a nefasta Reforma Trabalhista, desestruturaram o financiamento do movimento sindical para enfraquecer a oposição às medidas antipopulares.

As promessas de geração de empregos caíram no vazio. Enquanto a miséria e as doenças curáveis voltam a matar pessoas diariamente, o lucro do Bradesco saltou 22% neste 1º trimestre, ultrapassando 6 bilhões de reais. Ao tempo em que estados e municípios chafurdam em uma crise fiscal que solapa salários de servidores e serviços públicos vitais, como saúde, educação e atenção a desastres naturais, o superávit primário do governo central, apenas no mês de janeiro, foi de 35 bilhões de reais, dinheirama transferida para pagamento dos juros da dívida pública.

O mercado exige mais. A chantagem da vez é a Reforma da Previdência de Bolsonaro: ou se esfola ainda mais o povo para dar 1 trilhão para Paulo Guedes ou o Brasil “quebra”, bradam os agiotas nacionais e internacionais. Dizem que vão acabar com privilégios. Uma mentira grosseira, uma hipocrisia sem tamanho. Os privilegiados de sempre, pela proposta de Bolsonaro, serão privilegiados para sempre, pois o centro da “reforma” é acabar com a Previdência pública para transferir à banca financeira esse filão através do sistema de capitalização.

Na verdade, o 1 trilhão é assaltado do bolso do trabalhador urbano, que passará a trabalhar mais com a instituição da idade mínima para homens e mulheres; das viúvas e dos idosos pobres, que terão seu benefício desvinculado do salário mínimo e reduzidos em 40%; dos professores, que só poderão se aposentar depois dos 60 anos; e do trabalhador rural, que terá aumentado o tempo de contribuição para 20 anos.

Essa é a verdade sobre o projeto de Bolsonaro, o presidente que se passa por “homem do povo”, que gosta de ser chamado de “capitão” – só se for o capitão do time dos milionários.

Frente a essa situação tenebrosa em nosso país, a boa nova vem das ruas. Reveste-se de contornos históricos o 1º de Maio unitário, envolvendo todas as centrais sindicais e sindicatos do Brasil. Será a primeira vez que o Dia do Trabalhador será comemorado com um brado único de luta, sob a bandeira ampla e mobilizadora: “Contra o fim da aposentadoria e por mais empregos!”

Lembremos, porque as lutas passadas ensinam: a maior derrota imposta ao governo antipopular de Michel Temer foi impedir a Reforma da Previdência. Para tanto, foi fundamental a vitoriosa greve geral de 28 de abril de 2017, quando 40 milhões de trabalhadores cruzaram os braços em defesa do direito à aposentadoria.

Desde a redemocratização, nunca o país e o povo viveram riscos como os de hoje. Estamos sob um governo autoritário, que flerta com ideias fascistas, ultraliberal na economia e antinacional no que diz respeito ao enxovalhamento da soberania brasileira frente a interesses estrangeiros.

Mas é um governo politicamente rudimentar, dirigido por uma figura inepta, caricata, que em menos de 5 meses de mandato implodiu sua possível base de apoio no parlamento e fez erodir a popularidade e autoridade da Presidência da República.

Por isso, é possível derrotar a Reforma da Previdência de Bolsonaro. Mas a força das ruas será o diferencial e novamente o movimento sindical soube atender ao chamado da História. É chegada a vez da frente ampla, que se materializa entorno de bandeiras e lutas concretas, de uma forma nos movimentos sociais e nas ruas, de outra no parlamento, como dois rios que correm para desaguar no mesmo mar. Viva o 1º de Maio unificado dos trabalhadores!

*Orlando Silva é deputado federal pelo PCdoB-SP 

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