Professor explica que o caso da ‘Abin paralela’ poderá derreter a última camada de proteção que o clã Bolsonaro ainda tem no Legislativo e no Judiciário
O professor da UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro) João Cezar de Castro Rocha advertiu que, se for comprovado o uso da “Abin paralela” para favorecer os interesses da família Bolsonaro ou para investigar adversários políticos, o bolsonarismo finalmente passará a ser enxergado como a maior ameaça à institucionalidade brasileira que já se viu: “se ficar comprovada a utilização da Abin de forma paralela à oficial para favorecer o clã Bolsonaro […], se ficar comprovado que ministros do Supremo, que promotores e promotoras, desembargadores e desembargadoras, juízes e juízas, deputados e deputadas foram investigadas de maneira indistinta, então, pela primeira vez, o Bolsonaro e o bolsonarismo se revelarão para todos pelo que de fato representam: […] a maior ameaça à institucionalidade de toda a história brasileira”, afirmou o professor em entrevista à TV 247.
O professor ressalta ainda que, se for comprovado que a Abin foi utilizada para espionar autoridades, incluindo ministros do STF, a proteção que o bolsonarismo ainda conta tende a se perder. “Se ficar evidente, como eu creio que em breve ficará, para os membros do poder Judiciário de que a Abin, utilizada de forma paralela pelo Alexandre Ramagem, foi utilizada para espionar a promotora do caso Marielle, desembargadores, que tentaram associar ministros do STF com relações inexistentes com o Primeiro Comando da Capital (PCC), então a proteção que o bolsonarismo ainda conta nessas esferas tende a se perder”.
“Neste caso, se o mandato do deputado Alexandre Ramagem for levado para votação no plenário, se a votação for secreta, a cassação é segura. Porque ele fez algo que não se faz: ele espionou colegas, espionou hierarquicamente superiores em todos os Poderes. Ou seja, não há limites para o bolsonarismo”, finalizou.
247
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