O pedido de integrar os Brics foi feito pelo presidente argentino, Alberto Fernández, em visita ao Kremlin, e será também tratado com o presidente chinês
“Putin me disse que vai conversar sobre o assunto, dentro de pouco, quando estiver com Bolsonaro e com Xi Jinping”, revelou Alberto Fernández, em referência aos presidentes de Brasil e China, num breve encontro com a imprensa durante a sua visita à Rússia.
De Moscou, o presidente argentino partiu a Pequim, onde vai participar nesta sexta-feira (4) da abertura dos Jogos Olímpicos de Inverno, contra os quais os Estados Unidos promoveram um boicote diplomático.
No domingo, durante a reunião com Xi Jinping, Alberto Fernández também vai abordar a sua vontade de somar a letra A ao final de Brics, para formar Bricsa.
Menos Estados Unidos e mais Rússia
O movimento de associar-se às grandes economias do Oriente, através do Brics, é parte da estratégia do presidente argentino de romper com o que chamou de “dependência argentina dos Estados Unidos” contra a qual ofereceu ser “a porta de entrada da Rússia na América Latina”.
Foi uma crítica aberta aos Estados Unidos, em plena tensão entre Washington e Moscou em torno da Ucrânia e apenas seis dias depois de um princípio de entendimento da Argentina com o Fundo Monetário Internacional (FMI), para o qual a ajuda do governo norte-americano foi crucial.
“Ao falar mal de Washington, a partir do Kremlin, o presidente argentino concedeu um favor diplomático a Moscou num momento em que a liderança russa é questionada por boa parte do Ocidente sobre o conflito na fronteira com a Ucrânia”, afirmou à RFI o analista internacional e ex-embaixador argentino na Costa Rica e em Israel, Mariano Causino.CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
“Ao propor que a Argentina seja uma porta de entrada na América Latina, o presidente argentino pode provocar um dano na relação com os Estados Unidos, comprometendo os interesses da Argentina a longo prazo. São declarações imprudentes, inconvenientes e irresponsáveis”, sentenciou Causino.
“É inexplicável essa posição no meio de um conflito em relação à Ucrânia e no meio de uma difícil negociação com o FMI. Revela uma clara incompreensão dos vínculos históricos da Argentina com o mundo”, observa Diego Guelar, ex-embaixador argentino nos Estados Unidos, na União Europeia, no Brasil e na China.
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