Mônica tornou-se ativista e ganhou projeção internacional com agenda em defesa de minorias
Grafites próximo ao local do assassinato de Marielle Franco Foto: Pablo Jacob / Agência O Globo
Arquiteta, urbanista e mestranda em arquitetura na PUC-Rio. Nascida e criada na Maré. Mulher, de 32 anos, favelada, lésbica, ativista de direitos humanos e companheira de Marielle Franco, assassinada em março deste ano. Assim venho sendo apresentada nos últimos nove meses, desde que minha mulher foi executada e assumi publicamente a luta por sua memória, seu legado e principalmente pela cobrança de justiça. Passados estes meses, que representam muito tempo para ainda não termos respostas, mas pouco para quem perdeu um amor como eu, é importante dizer que este lugar público, de representação e da própria luta política, ainda é novo para mim.
Sou nascida e criada na favela da Maré. Foi lá que tive a oportunidade de, por meio de um pré-vestibular comunitário, ter acesso à universidade. Fiz psicologia e arquitetura simultaneamente, até que a arquitetura me ganhou por inteiro. Desde esse período, a luta LGBT, a feminista e dos direitos humanos já faziam parte de minha vida, porém no que chamamos de micropolítica, nas relações, nos espaços de trabalho e principalmente na minha formação teórica. Essa militância do cotidiano, de pequenas ações, de diálogo e de reflexões sempre me acompanhou.
Ao lado de Marielle, tive contato mais direto com as outras formas de intervenção política e de luta. Acompanhava sua rotina e sua dedicação à defesa das ditas “minorias”. A entrega para cada projeto e para os movimentos. O curto período dela na vereança foi de muito aprendizado para nós. Politicamente e em nossa relação. Nessa mesma época ingressei no mestrado. Naquele momento eu almejava seguir carreira acadêmica, dar aula e continuar contribuindo para a transformação social em outros espaços. Minha pesquisa envolve a relação entre a violência e os espaços públicos, tentando compreender como a violência interfere na relação do indivíduo com a cidade, como ele percebe essa cidade, como se apropria ou não dela.
A execução de Marielle interrompeu tudo isso. Eu saí do micro para o macro do dia para a noite. A força por preservar sua imagem e história e por justiça me fizeram ocupar espaços nunca antes imaginados. Não tive outra escolha senão impulsionar o “Justiça para Marielle e Anderson”, seja em território nacional, seja em outros países. O silêncio do Estado brasileiro é ensurdecedor. Diversos mecanismos internacionais de direitos humanos — assim como de movimentos sociais — me procuraram, e percebi que justiça para Marielle e Anderson é uma luta mundial.
Tenho viajado muito para atos, homenagens, entrevistas, documentários, seminários, rodas de conversas, lançamentos e outras atividades para falar sobre justiça para Marielle e Anderson, direitos humanos, feminismo e ativismo LGBT. Tenho partilhado conhecimento e conhecido pessoas incríveis. Falamos na ONU, na Anistia Internacional, em fóruns internacionais, com ministros e diplomatas.
Mônica Benício, em depoimento a Chico Otávio
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