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Presente foi dado por empresário em retribuição a uma licitação que, segundo a investigação, foi fraudada pelo marido de Daniela Carneiro

A deputada Daniela do Waguinho fala diante de microfone em comissão na Câmara dos Deputados - Metrópoles

Billy Boss/Câmara dos Deputados

Uma investigação do Ministério Público do Rio de Janeiro apontou que uma irmã da nova ministra do Turismo, Daniela Carneiro, a Daniela do Waguinho (foto em destaque), recebeu um carro como retribuição por um contrato superfaturado fechado pela prefeitura de Belford Roxo, na Baixada Fluminense. O responsável pelo contrato era o prefeito da cidade, Wagner dos Santos, o Waguinho, marido da ministra.

A descoberta surgiu durante uma apuração na qual o MP concluiu que Waguinho era o chefe de uma quadrilha que teria desviado R$ 14 milhões dos cofres públicos. A investigação envolvia supostas irregularidades na contratação de empresas para a prestação dos serviços de coleta e destinação de lixo em Belford Roxo.

Djelany de Souza, irmã de Daniela do Waguinho, teria recebido um Toyota Corolla de uma dessas empresas. O “presente”, segundo o MP, foi uma forma de agradar Waguinho por um favor que permitiu à firma ganhar o contrato. O prefeito, dizem os investigadores, forjou a licitação que levou à escolha da empresa. O contrato, de acordo com a denúncia, foi superfaturado.

A denúncia registra que um dos representantes da empresa “adquiriu um veículo Corolla (…) transferindo-o, em contrapartida, como presente, à Djelany Mote de Souza Alves Machado, irmã da esposa do prefeito Wagner dos Santos Carneiro, a Sra. Daniela Mote de Souza Carneiro, tornando-se clara a divisão dos valores superfaturados, em proveito próprio e também dos agentes políticos”.

A acusação formal foi ajuizada pelo Ministério Público em novembro de 2018. O caso tramita até hoje, sob sigilo, conforme informou à coluna o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. “O MP pediu a distribuição dessa denúncia em dependência a duas medidas cautelares que tramitam de forma sigilosa”, afirmou o TJ nesta terça-feira.

O responsável por dar o carro à irmã da ministra é apresentado na investigação do MP como uma espécie de “sócio oculto” da empresa Master Rio Construções, contratada pela prefeitura. Durante a licitação, ele teria inclusive ameaçado concorrentes, dizendo-se “dono do contrato” por ter trabalhado com Waguinho nas eleições de 2016.

O MP do Rio sustenta que a concorrência foi fraudada pelo próprio prefeito de Belford Roxo e marido da ministra do Turismo. A denúncia afirma que Waguinho, juntamente com funcionários da prefeitura e um grupo de empresários, cometeu uma série de crimes: organização criminosa, concussão, fraude a licitações, dispensa ilegal de licitações e peculato.

Daniela do Waguinho foi escolhida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para ser ministra do Turismo como parte de uma negociação com o União Brasil, partido formado a partir da fusão do DEM com o antigo PSL de Jair Bolsonaro.

O União, ao qual Waguinho e Daniela são filiados, ganhou três ministérios na divisão de cargos do novo governo. A atuação do casal em favor de Lula durante a campanha foi considerada relevante para o petista no Rio, especialmente porque a Baixada Fluminense era considerada um reduto importante de Bolsonaro.

A coluna procurou Djelany Machado e a ministra Daniela do Waguinho, mas não houve retorno até a publicação desta reportagem.

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