Nelson Marchezan Jr., o “prefake” de Porto Alegre, não nega o berço. Apesar de posar como “novo” na política, o fascistinha é filho de Nelson Marchezan (1938-2002), o histórico cacique da política gaúcha que presidiu a Câmara Federal durante a ditadura e foi líder do último general no poder, João Baptista Figueiredo – aquele que odiava “o cheiro do povo”. Nesta quarta-feira (3), o tucano falastrão enviou ofício ao usurpador Michel Temer solicitando o envio de tropas do Exército para o julgamento de Lula no Tribunal Regional Federal (TRF-4), em 24 de janeiro. Pelo Twitter, o filhote da ditadura ainda rosnou: “Devido às manifestações de líderes políticos que convocam uma invasão em Porto Alegre, tomei essa medida para proteger o cidadão e o patrimônio público”.
De acordo com a reportagem de Paula Sperb, “no cargo, o prefeito desagradou a mais gente, com medidas como a extinção de secretarias, a apresentação de projetos de concessão de bens e serviços públicos ao poder privado, a relação instável com os vereadores, a proximidade com o Movimento Brasil Livre (MBL) e os posts polêmicos nas redes sociais, principalmente atacando movimentos, sindicatos e partidos de esquerda, ao melhor estilo de seu colega de partido, o prefeito paulistano João Doria, com quem é comparado. Seu polêmico estilo descontraído inclui a elaboração de decretos de ‘zoeira’ às sextas-feiras, como um no qual liberava a população a ir para as festas juninas, mas proibia simpatizantes de ‘partidos vermelhos’ de ‘formar quadrilha’. Ou dançar – e colocar seus auxiliares para dançar – o hit Despacito, o que lhe gerou até uma paródia do sindicato dos servidores, chamada ‘Marchezito’, atacando sua gestão, que tem atrasado e parcelado salários”.
Ainda sobre o filhote da ditadura, que solicita tropas do Exército contra manifestações públicas, vale conferir o artigo do vereador Marcelo Sgarbossa (PT) publicado em 31 de dezembro no site Sul-21:
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O prefeito que maltrata a cidade
A capital mundial da democracia participativa está sendo calada por atos e desmandos de Nelson Marchezan Júnior. O temperamento autoritário do prefeito tem trazido uma série de danos à população de Porto Alegre.
No primeiro ano no cargo, Marchezan mostrou sua forma de governar: sem diálogo, proíbe protestos por onde passa e suspende o Orçamento Participativo. Ao mesmo tempo, desmantela os conselhos municipais, desrespeita a autonomia do Legislativo, despreza servidores públicos, não paga o salário em dia, faltando com a necessária transparência sobre o dinheiro em caixa no Município.
No transporte, acabou com a segunda passagem grátis por decreto (o que conseguimos derrubar na Justiça), e quer cortar direitos de estudantes, pessoas idosas e com deficiência. Tudo para garantir o lucro das empresas, que prestam um serviço de péssima qualidade.
O estilo belicoso atinge inclusive aliados, com o prefeito destratando os próprios secretários e assessores, que chegam a pedir demissão para evitar os maus tratos.
Mudança na rotina das escolas sem conversar com a comunidade escolar, corte de vagas na Educação de Jovens e Adultos sem aviso prévio, suspensão de linhas de ônibus sem comunicar ninguém são mais algumas demonstrações do desrespeito do alcaide. Para piorar, antes de acabar o ano, conseguiu aprovar um projeto que ameaça com multa e restringe as manifestações, remetendo a práticas do nefasto período da ditadura.
Avesso ao debate, o prefeito toma medidas sem discutir com as parcelas da sociedade que serão afetadas. Envia projetos de Lei para a Câmara sem conversar com a própria base governista. Atuando como gestor de vendas, segue com a sanha privatista de liquidar o patrimônio público. Esta é a lógica de Marchezan desde que assumiu a Prefeitura. Ações que prejudicam o serviço público e a população, causam enormes transtornos ao funcionalismo e geram insegurança e incerteza sobre o futuro.
Essa instabilidade faz mal a Porto Alegre. Os 40 dias de paralisação de servidores públicos, que fizeram a maior greve da história da Capital, é resultado dessa inabilidade do prefeito. Protestos e manifestações não devem cessar em 2018, pois nada nos leva a crer que a postura adotada por Marchezan mudará. Se o prefeito insistir na terceirização de serviços e na privatização de empresas públicas como a Carris e o Dmae, que já foram modelos de qualidade, a tendência é que os conflitos na cidade se acentuem.
Em menos de um ano, a Capital percebeu que está abandonada por quem foi eleito para cuidá-la. Nosso porto ficou menos alegre.
Resistir aos retrocessos é um dever civilizatório. Um ano de fortes desafios nos aguarda. Estamos preparados para resistir e seguir trabalhando para construir uma cidade mais humana e participativa.