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Não somos apenas nós, mas seus colegas generais, como Hamilton Mourão e Santos Cruz, que diziam ser impensável que Eduardo Pazuello deixasse de ser punido por ir, sendo general da ativa, a um comício político do Presidente.

Durante dias, dezenas de jornalistas acreditaram no que lhes diziam fontes fardadas e estreladas: a punição viria, para não se estabelecer a anarquia nas tropas.

Pior: todos compreendiam e aceitavam que ela fosse branda, mais para sinalizar que para castigar, para que não se criasse uma crise com Jair Bolsonaro, em nome da institucionalidade.

A opinião pública deu-lhes apoio, a imprensa – mesmo conservadora – defendia o respeito aos regulamentos castrenses, nem mesmo a direita sustentava a impunidade de Pazuello.

Só uma vontade o queria, a daquele que o chamou para transgredir e testar o tipo de homens com que estava tratando na cúpula do Exército.

Os senhores curvaram-se depois da bofetada que lhes deu Jair Bolsonaro, de público, nomeando o seu “peixe” – o general traíra – para um cargo em seu gabinete.

Ou – e lamento ainda mais – os senhores não se curvaram, mas permitiram que seu comandante, que resolveu fazer o haraquiri de sua dignidade e dobrar a espinha ao tapa público que sua autoridade recebeu do presidente.

Neste caso, aguarda-se as suas atitudes, do contrário será um ato de covardia dos que “não têm nada com isso”.

Engana-se quem pensar que isso destrói o comando apenas do General Paulo Sérgio.

Destrói a credibilidade do Exército, onde o alto oficialato será visto apenas como aqueles que se servem do posto apenas como gazua para obter cargos que vão se somar a seus soldos já elevados por Bolsonaro, ao ponto em que tiveram até de criar um “fura-teto” que permita ganhos de R$ 60 ou 70 mil para ex-fardados que vão para a guarda pretoriana do presidente, obrigando até a criar um fura-teto que lhes permita abiscoitá-los na íntegra.

Imagino o que diria o ex-deputado Márcio Moreira Alves, mais de 50 anos depois do AI-5, sobre o constrangimento dos senhores diante de suas mulheres e filhos, depois desta impunidade vergonhosa do general que virou chacota nacional.

Nos quartéis, qual de seus subordinados estará obrigado a seguir regulamentos. O que se dirá, se na próximo desfile de motos, houver uma ala de capitães, tenentes, sargentos, roncando os motores para Bolsonaro?

Nunca se tratou do dever de obedecer ordens legais do presidente, comandante em chefe das Forças Armadas. Ele dão deu um ordem: estalou os dedos, como se faz a um cachorro e deu o comendo que se dá a ele: “Sit! Quieto! Junto!“.

E foi atendido por quem ocupa um cargo, há menos de dois meses, que pertencia um oficial general com a decência que teve Edson Pujol em renunciar ao comando por sentimento de lealdade, entre outros, com o próprio General Paulo Sérgio.

Os senhores tinham o dever de compostura de não se deixarem tratar assim e fazer valer o Regulamento Disciplinar do Exército.

Ao não o fazerem, reduziram o comando da Força aos “padrões Bolsonaro” de comportamento militar, indisciplina, quebra da hierarquia, ameaças terroristas por aumento de soldo e tudo aquilo que dele disse o general Ernesto Geisel.

Os senhores, ao contrário do que pensam, ficaram mais longe do poder e mais perto da vergonha.

Alguém poderia dizer que há, neste instante, fardas manchadas. Talvez, mais corretamente, borradas.

por Fernando Brito

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