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Os atos contra ditadura militar mostraram a força da mobilização da da frente única de esquerda, é preciso ampliar a mobilização

Aos 57 anos do golpe militar de 1964, uma longa noite que durou 21 anos de terror, tortura, assassinatos e miséria para o povo, o governo de Jair Bolsonaro e a extrema-direita nacional celebraram a memoria deste período nefasto. Um ato criminoso do governo fruto de um golpe de Estado que denuncia claramente sua identidade ditatorial e seu desejo de fazer cair novamente sob o país mais um período de trevas. No entanto, o dia 31 de março, data que a extrema-direita elegeu como início da ditadura militar, foi marcado, não pelas pequenas manifestações da escória de apoiadores da ditadura militar, mas pela mobilização da esquerda contra o regime militar e contra o governo criminoso e genocida de Jair Bolsonaro.

Os atos da esquerda superaram e muito a pífia manifestação da extrema-direita e do governo; demonstração clara da rejeição do povo à ditadura e a Bolsonaro.

A iniciativa partiu dos Comitês de Luta e do Partido da Causa Operária (PCO), que realizaram dezenas de atos contra a ditadura militar no Brasil e também em vários países da Europa e na América do Norte. Os atos reuniram milhares de companheiros nas mais de 30 cidades onde ocorreram. Dadas as condições, notadamente a pandemia de Covid-19, e a completa paralisia das organizações de esquerda do país, os atos de 31 de março contra a ditadura foram um marco na luta contra a direita e a extrema-direita golpistas.

Os atos quebraram a inércia da esquerda, fazendo novamente com que a pressão do povo trabalhador nas ruas retornasse ao seu lugar natural, o de desempenhar um papel principal no teatro da política nacional.  Esse papel fundamental da mobilização da esquerda – para o alívio do bloco político da burguesia que deu o golpe de 2016 e elegeu Bolsonaro – havia sido neutralizado por escolha das direções pressionados pela burguesia, fazendo a esquerda decair à condição, com o início da pandemia, de mero espectador e quando muito apoiador de uma ala da burguesia, tão nociva aos interesses populares, quanto a outra que supunham combater ao apoiá-la.

É preciso aproveitar esse impulso e ampliar as mobilizações em todo país para consolidar a esquerda como uma força política determinante; esse é o seu lugar de direito. Deixar que esse impulso se dissipe sem consolidar a esquerda como uma força capaz de atrair para si as massas populares e de apresentar soluções que atendam aos interesses populares será o maior dos erros, pois acarretará o retorno da esquerda, das organizações de massas do povo, de uma força política que se propõe dirigir o país à condição de meros espectadores de um drama, que lhes causam choro ou riso, mas no qual não podem interferir.

Uma importante lição pode desde já ser retirada dos atos se colocados em perspectiva, a frente única da esquerda, das organizações dos trabalhadores e das massas populares constitui uma força tamanha, e essa é a única força capaz de derrotar a direita de conjunto. A aliança da esquerda com setores da direita, como ficou demonstrado durante todo o período da pandemia, em que setores da esquerda ficaram a reboque da direita dita “científica”, não apenas não aumentou as forças da esquerda, como as debilitou, as paralisou, as desmoralizou. A política de apoiar setores da direita no Congresso, de apoiar a política dos governadores, não surtiu nenhum efeito positivo, ao contrário, resultou numa apatia profunda mesmo no momento de maior ataque da burguesia contra o povo trabalhador.

Os atos não contaram com as grandes organizações dos trabalhadores e dos partidos da esquerda parlamentar, embora importantes lideranças e movimentos sociais, como a presidenta do Partido dos Trabalhadores, Gleisi Hoffmann, A Frente Nacional de Luta (FNL) e seu dirigente José Rainha, dentre outros companheiros, tenham aderido a mobilização. Contudo, os militantes de base da esquerda e dos movimentos sociais, como companheiros do PT, PCdoB, PSOL, CUT, MST, PSTU, anarquistas, dentre um grande número de organizações menores participaram ativamente na mobilização.

Não se tratou de acordos eleitorais ou coisa que o valha, mas de uma mobilização para lutar contra um inimigo comum, em que pese as diferenças ideológicas e políticas desses grupos todos, formou-se aí uma unidade para lutar lado a lado contra a direita golpista, a extrema-direita e a ditadura. É nessa perspectiva que a frente única tem de se desenvolver, unidade na ação contra o bloco burguês que une direita e extrema-direita e em defesa dos interesses populares e das liberdades democráticas.

Esse ato constituiu assim o embrião de uma frente capaz de agrupar as massas de milhões de pessoas, dar uma perspectiva política e impulsioná-las na luta pelos seus interesses. Ampliar a mobilização e desenvolver ao máximo essa frente de luta contra a direita é a tarefa deste período imediato.

Os atos ocorreram nas principais capitais do país, como São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Salvador, Natal, Belo Horizonte, Fortaleza, Teresina, Curitiba, Florianópolis, Cuiabá, Manaus, dentre outras, além de Brasília, capital federal.

Em São Paulo o ato contou com mais de 300 companheiros e começou na Avenida Paulista, após as intervenções de companheiros do Partido da Causa Operária, dos Comitês de Luta contra o Golpe, e de partidos e organizações da esquerda, o ato saiu em passeata até a antiga sede do DOPS, órgão de repressão da ditadura militar que matou e torturou inúmeros companheiros naqueles anos terríveis.

Ao som da Bateria Zumbi dos Palmares, com faixas e cartazes contra a ditadura de ontem e de hoje, a passeata empolgou quem deparou-se com ela, por cinco quilômetros, ouvia-se incessantemente e de maneira espontânea a palavra de ordem de Fora Bolsonaro vindos dos prédios, das casas, dos transeuntes que se somavam as palavras de ordem da marcha, assim como palavras de ordem democráticas como fim da Polícia Militar. Era como se as populações e os manifestantes tivessem a alma lavada ao se manifestar de maneira real contra o governo, contra a ditadura, contra a repressão, contra o genocídio.

Ao final, ao cair da noite, o ato chegou ao seu destino, para o encerramento. As últimas falas pertenceram aos companheiros do PCO, João Pimenta, coordenador da Aliança da Juventude Revolucionária lembrou a memória daqueles que tombaram combatendo a ditadura. O companheiro Antônio Carlos Silva, da direção nacional do PCO, representando a coordenação dos Comitês de Luta destacou a importância da unidade da esquerda para derrotar a direita expressa no ato. Por último, o companheiro Rui Costa Pimenta, presidente nacional do PCO, fez um importante balanço da luta e destacou o chamado de sair às ruas para lutar contra a direita.

Sair às ruas, ampliar a mobilização, derrotar a direita

Veja aqui as falas de encerramento do ato:

Companheiro João Pimenta:

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