O mercado até tentou esboçar uma reação hoje com o bom humor na cena internacional, mas bastou a cena política doméstica dominar as atenções para o investidor voltar ao modo de cautela. A animosidade no debate sobre a reforma da Previdência entre o ministro da Economia, Paulo Guedes, e os deputados presentes na audiência da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara levou o dólar para R$ 3,87 e o Ibovespa de volta à faixa dos 94 mil pontos.
O principal índice da bolsa caiu 0,94% após ajustes, para 94.491 pontos, depois de tocar os 94.124 pontos no pior momento do dia. O giro financeiro, que vinha fraco até o início da sessão na CCJ, às 14h, ganhou robustez na reta final do pregão e totalizou R$ 11,2 bilhões.
O acalorado debate entre Guedes e os parlamentares durante a tarde tirou mais de 1.500 pontos do Ibovespa desde o início da audiência até o fechamento. E a força vendedora fica evidente se observada a dinâmica do giro financeiro: na última hora do pregão, o volume financeiro do Ibovespa cresceu R$ 3,5 bilhões.
Entre os destaques negativos ficaram todos os papéis mais líquidos e de maior peso no Ibovespa — as “blue chips”. É o caso dos bancos, entre eles Bradesco (-1,28% a ON e -1,12% a PN) e Itaú Unibanco (-0,89%), além da Petrobras (-2,10% a ON e -2,65% a PN).
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Ao responder as perguntas dos deputados, Guedes mostrou-se impaciente. Na avaliação do operador do mercado e sócio do Grupo Laatus, Jefferson Laatus, o nível de estresse deixa um recado para os investidores. “A queda que vemos no Ibovespa tem tudo a ver com a audiência na CCJ. As divergências demonstram que o processo de tramitação não será nada fácil para o governo, deixando o ambiente mais pessimista”, diz.
Do Valor: