O ex-juiz federal e ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro, Sergio Moro, foi ao STF tentar impedir a divulgação da íntegra das mensagens trocadas entre ele e os procuradores da Força Tarefa da Lava Jato em Curitiba, agora extinta.
Antes de extinguir a Lava Jato na capital paranaense, o PGR Augusto Aras deixou engatilhada uma granada: a apuração das denúncias do advogado Rodrigo Tacla Duran, que mora na Espanha.
Tacla Duran diz que recebeu uma proposta: U$ 5 milhões para escapar de qualquer acusação em Curitiba. O intermediário teria sido o compadre de Moro, advogado Carlos Zucolloto.
Se eventualmente estas investigações avançarem, o que é bem pouco provável, Aras teria Zucolotto, Moro e até a esposa de Moro, Rosangela, para fazer tanta espuma quanto a Lava Jato fez com acusações e vazamentos infundados ou frágeis.
Na ação no STF, Moro afirma que o ministro Ricardo Lewandowski usurpou as decisões sobre as mensagens da Operação Spoofing e pede que o caso volte ao relator da Lava Jato na Corte, Edson Fachin.
As mensagens que a Operação da PF apreendeu com o hacker foram primeiro vazadas para o Intercept Brasil, no que ficou conhecido como a Vaza Jato.
Os advogados do ex-juiz Moro alegam que as mensagens podem ter sido adulteradas antes da apreensão — da mesma forma que a defesa de Lula alega que os arquivos da Odebrecht podem ter sido adulterados antes de serem apresentados no tribunal, pois os advogados de Lula não tiveram acesso aos originais.
O ponto alto da ação de Moro diz respeito à troca de mensagens entre ele e o procurador-chefe, Deltan Dallagnol, em que o juiz pergunta se a acusação contra Lula é consistente.
Dallagnol, então, antecipa ao juiz as provas de que supostamente dispõe.
Agora, Moro afirma que só fez isso para evitar que o ex-presidente Lula fosse prejudicado:
“Ora, o juiz perguntar ao procurador se ele tem elementos para denunciar é meramente um cuidado retórico para advertir ao Ministério Público de que não deve oferecer acusações levianas, isso para proteger o acusado e não para prejudicá-lo”, escreveram os advogados.
Na Justiça “normal” do planeta Terra, um juiz recebe a denúncia e, se a considerar inepta, manda para o arquivo.
Mas Moro, obviamente, queria ter certeza de que existiam elementos para aceitar a denúncia, abrindo caminho para a condenação de Lula.
Os diálogos conhecidos até agora revelam, inclusive, que Moro deu dicas investigatórias para a promotoria.
A única preocupação com um possível acusado demonstrada por Moro ao longo da Lava Jato foi com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
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