O voto secreto no Congresso, nas assembleias e nas câmaras de vereadores não existe para ocultar maracutaias entre os parlamentares, considerados individualmente ou partidariamente. Ao contrário existe exatamente para impedi-las ou, ao menos, dificultá-las. E não apenas entre os parlamentares considerados individualmente – mas, principalmente, entre o poder legislativo e o poder executivo.
O que vimos neste sábado, em pleno Senado Federal, foi a demonstração plena do voto de cabresto, ou, como dizem os dicionários, “aquele mecanismo de acesso aos cargos eletivos por meio da compra de votos com a utilização da máquina pública ou o abuso de poder econômico”.
Alguém pode contra argumentar que o voto secreto pode levar à traição dos parlamentares. É verdade, mas isso já é muito mais uma questão partidária. Os partidos, como o nome diz, são partes de um todo, são agrupamentos de pessoas em torno de uma opinião ou de uma ideologia. Juntos, formam, unem, representam esse Brasil inteiro. E sua independência é fundamental. Quando formam um aliança para governar, devem ter consistência suficiente e aprovação interna para fortalecer a aliança. Quando, ao contrário, partem para o adesismo a qualquer custo, em busca apenas de cargos e salários, desonram os votos que tiveram, vendem a alma, deixam de dizer qual parte do eleitorado representam, rasgam o estatuto do partido.
No sábado, rasgaram o estatuto e a Constituição.
HAYLE GADELHA
Hayle Gadelha é jornalista, publicitário, poeta, escritor e editor do blog Daqui e Dali.
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