Polícia Militar afirma que afastou agente, após video ser divulgado nas redes sociais
São Paulo – Um policial militar algemou um homem negro a uma moto da corporação e arrastou o rapaz pela avenida Professor Luiz Ignácio Anhaia Mello, na zona leste de São Paulo. O agente foi afastado das atividades, após um vídeo ser divulgado nas redes sociais. Nas imagens, é possível ver o homem preso na moto do policial. O agente acelera e faz o homem, que luta para não cair e ser arrastado, correr. De acordo com a Polícia Militar, o suspeito furou um bloqueio policial e foi preso, metros depois.
Ao jornal Folha de S.Paulo, o ouvidor da Polícia, Elizeu Soares Lopes, disse que solicitou uma investigação por parte da Corregedoria da PM e disse que a Ouvidoria vai acompanhar o caso. Para ele, as imagens são “estarrecedoras” e lembram expedientes adotados no tempo da escravidão. “Não me vem outra imagem na minha cabeça a não ser essa. É um escárnio. A sociedade não pode tolerar um episódio desses.”
Repercussão nas redes
A imagem resultou em muita indignação nas redes sociais. O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) classificou o agente como “criminoso travestido de policial” e defendeu uma punição rápida contra o policial militar que dirigia a moto.
O jurista Luis Carlos Valois também comentou o vídeo em tom de protesto. “Em uma sociedade em que um policial acorrenta um preso na moto da corporação e o puxa em via pública de dia, não há cidadão de bem, não há bem, nem muito menos cidadão”, tuitou.
A deputada federal Sâmia Bonfim (Psol-SP) disse que o caso não pode ficar impune. “A cena de um policial militar passeando por uma importante avenida de São Paulo com um jovem negro algemado à moto é um retrato do racismo brasileiro. Tortura escancarada como método de Estado. É intolerável e não pode ser naturalizado”, alertou.
Já a vereadora paulista Erika Hilton (Psol) classificou como absurda a atuação da Polícia Militar de São Paulo, que algemou um homem negro a uma moto em movimento. “O policial foi afastado, mas isso não é o suficiente. Ele deve responder por prática de tortura!”, defendeu ela.
Repúdio
A CUT de São Paulo também publicou nota de repúdio contra o caso. A direção sindical diz repudiar a ação e também assemelhou a violência do policial ao tempo de escravidão. A entidade também pede responsabilização do agente. Confira o texto:
Diante desse fato incontestável, a CUT-SP repudia veementemente este retrato de escravização crua e nua, além da prática de tortura, o que é considerado crime.
Não basta apenas que a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo instaure um inquérito policial militar para apuração da conduta do agente, bem como o seu afastamento do serviço operacional, é preciso que uma ação como essa de racismo, de violência e de tortura nunca mais ocorra pelas forças policiais.
O Estado tem a responsabilidade primária pela proteção dos direitos humanos e pela garantia da integridade da vida.
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